Poema de: Alexandre Paredes
Triste noite que se abate sobre a Terra
Mísseis, corpos, gemidos, explosões
Fogo, ódios, sirenes, gritos, multidões
Silêncio, morte, luto, lutas sem razões
Fuga, abandono, abusos... eis a guerra!
Nela a barbárie encontra a sua vitória
O que nos diferencia da selvageria
É tão somente o poder da tecnologia
Que constrói armas de dor e agonia
Paus, pedras, flechas, ogivas... escória
Pouco importa quem vence no final
Passam regimes, impérios, bandeiras
Poderes, Estados, poderosos, fronteiras
Honrarias, medalhas com mil estrelas
Todos perdem... Quem vence é o mal
Enquanto houver homens pequenos
Haverá menos escolas e mais muros
Haverá mais tiros que tiram futuros
Livros de história sombrios e escuros
Até que, um dia, o passado deixemos
Do horror nascerá o horror à guerra
Cicatriz profunda deixada em nós
Os povos, então, cantarão numa só voz
Não mais a glória do embate feroz
Mas a lição de paz que a dor encerra
Será a memória do sangue derramado
A lembrança de uma era de iniquidade
Que conduzirá toda a nossa sociedade
Ao caminho da mais pura verdade
A de que estamos todos do mesmo lado
Pois partilhamos da mesma humanidade
Sejamos ocidentais, russos, ucranianos
Árabes, indígenas, africanos, americanos
Somos todos, afinal, apenas seres humanos
Que buscam alegria, bem-estar, felicidade
Às vezes, é preciso o mal chegar ao seu cume
Para que o homem, um dia, do mal cansado
Busque, com vigor, o bem a que está destinado
A guerra, então, parece o remédio amargo
Para que em nosso coração se faça lume
Porque a guerra se faz presente no dia a dia
Nos pequenos conflitos da nossa convivência
Que tem no egoísmo que entorpece a consciência
A fonte de todos os males de nossa existência
Não haverá paz duradoura sem o amor como guia
O amor ao semelhante não é só ensinamento vão
É o remédio real para os males de nossas vidas
Para que não nos percamos em novas utopias
E não mais nos deixemos levar por teorias vazias
Aprendendo, de fato, a estender a nossa mão
A realidade é muito simples e ela nunca se vai
Caminhamos todos para o sepulcro no final
Para emergimos na vida do espírito imortal
Não importa raça, religião, nação... Afinal
Todos somos mesmo filhos do mesmo Pai