Texto de: Alexandre Paredes
Não te inquietes em convencer o companheiro a seguir tua crença. Demonstrarás, de fato, tua crença quando procurares exemplificar aquilo que crês.
Como poderás demonstrar a existência de um Deus Pai, de infinita bondade e justiça, se não ages como irmão do teu irmão? se te revoltas ante os seus desígnios? Como pensas em ensinar a realidade da vida futura apegando-se às coisas da vida material? Como queres divulgar as tuas verdades se ainda não as colocastes em teu coração?
Certamente que não devemos, por isso, buscar a estagnação do bem, cruzando nossos braços perante a tarefa de iluminação, consolação e esclarecimento, mas como exigir a transformação moral do outro sem realizarmos a nossa própria transformação moral?
A história da humanidade está repleta de exemplos de guerras, assassinatos e torturas em nome da religião. Em nosso passado obscuro, e ainda hoje, temos misturado a mensagem cristalina da fé ao terreno lamacento das vaidades, da prepotência, do sectarismo.
Será por uma falha das religiões? Não. É porque o homem tem moldado a religião segundo seus interesses, em vez de moldar a si mesmo segundo os preceitos ensinados. É porque temos relegado sempre para segundo plano a tarefa de nos reformar interiormente. Preferimos reformar primeiro o nosso companheiro, a comunidade, a sociedade, o país, o mundo.
Queremos, cada vez mais, aumentar o número de adeptos de nossa crença particular, acreditando que, assim, a paz se estabelecerá na face da Terra. Enquanto não nos reformarmos, encontraremos em nosso grupamento religioso um grande número de adeptos, simpatizantes, pensadores notáveis, oradores eloqüentes, hábeis escritores, trabalhadores de valor e pseudo-sábios, mas não de pessoas de bem.
De que adiantará as igrejas estarem cada vez mais cheias se os corações permanecerem vazios? se não diminuir a orfandade, a prostituição, a miséria, a corrupção? se as famílias continuarem se desfazendo no egoísmo, na incompreensão e na intolerância? se não houver em nosso coração espaço para o perdão e para o amor?
O dia em que o homem tomar por regra de conduta o “fazer aos outros o que gostaria que os outros lhe fizessem”, as igrejas serão transferidas dos templos de pedra para o templo interno do coração; o homem não mais procurará Deus em imagens de madeira, objetos ou símbolos, pois encontrará o Criador no santuário da própria alma, despertando em si uma face até então adormecida: a sua face divina.
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