segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Divino e Humano

Texto de: Alexandre Paredes



De tempos em tempos, Instrutores Espirituais vêm ao plano físico ensinar-nos valores morais; o homem, por sua vez, instituiu o moralismo.

Prepostos do Alto, no transcorrer dos séculos, trazem-nos as luzes da verdade; o ser humano, por outro lado, estabeleceu os dogmas.

Embaixadores Celestes, em todas as épocas e regiões do planeta, encarnados na figura de pessoas simples, mostram-nos o caminho e exemplificam-nos a virtude; o homem criou os cultos exteriores.

Deus criou-nos à sua imagem e semelhança, mas, no caminho inverso, temo-Lo feito à nossa imagem e semelhança, imaginando-o como um Senhor com todas as imperfeições humanas, vingativo, cruel, que deve ser temido, em vez de amado.

A Sua palavra encontra-se por toda parte e está grafada na consciência de cada criatura, mas nós pretendemos aprisioná-la em livros sagrados, como se ela pertencesse a uma só cultura, um só povo escolhido, privilegiado.

Nosso Pai que está nos céus enviou-nos Jesus; nós O crucificamos, ou, muitas vezes, O esquecemos.

Jesus trouxe-nos a Boa Nova, esse maravilhoso compêndio de ensinamentos para uma vida feliz entre os homens; Ele ensinou-nos e exemplificou-nos o amor nas praças públicas, no alto do monte, na casa de um pescador, num barco; porém temos escondido esse código de leis eternas dentro de igrejas e monastérios.

O Pai Celestial criou a oração como forma simples e cristalina de nos comunicarmos com Ele, por meio do pensamento; os homens, de outro modo, instituíram o sacerdócio, interpondo representantes entre Ele e nós, esquecidos de que Ele é quem escolhe Seus representantes, e não nós.


Em toda parte, em todas as culturas e povos, encontraremos traços da presença de Deus entre os homens, mas, como ainda estamos muito distantes da comunhão perfeita com nosso Pai, há sempre que fazermos a distinção daquilo que vem de Deus e o que vem dos homens.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Verdade e vida

Texto de: Alexandre Paredes




Diante do interesse, argumentos não interessam.
Para quem quer a ilusão, a verdade é inconveniente.
Onde impera a fé cega, a razão não é bem-vinda.
Perante o preconceito, conceitos novos nada valem.
Em quem a paixão vigora, o bom senso não tem vez.
Quando o egoísmo predomina, o senso de justiça se distorce.
Em face do orgulho desmedido, a consciência se entorpece.

Mas onde há boa vontade, a razão se ilumina.
Em quem busca o bem, o amor aquece a vida.
Para quem vive o amor, a verdade é força viva.
Ao que reconhece sua ignorância, o orgulho não obscurece a vista.
E quando se vencem as barreiras do ego, a sabedoria se conquista.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Corrupção

Poema de: Alexandre Paredes














Por causa da corrupção
Nosso dinheiro vai para contas lá fora
A verba devida não chega à escola
Enquanto os jovens se perdem na droga
Os hospitais vivem à míngua
O paciente agoniza na fila
E o trabalhador não tem vida digna

Em meio à corrupção
Há total inversão de valores
O que vigora é a troca de favores
Os bons e honestos são vistos como bobos
Os bens de todos se tornam os bens de poucos
A riqueza é prêmio da esperteza e preguiça
Em vez do talento, esforço e conquista

Mas como nasce a corrupção?
Cada um de nós traz em si seu resquício
Na troca do voto por um benefício
Na falta ao trabalho inventando desculpa
É levar troco a mais e nem sentir culpa
Reduzir o imposto mascarando a declaração
Advogar a mentira para não pagar pensão

Não é só na política que há corrupção
A gente a vê no cidadão da esquina
Que se livra da multa pagando propina
A gente a encontra no aluno da escola
Que passa de ano por meio da cola
Naquele que mostra carteirinha falsificada
Para entrar no cinema e pagar meia entrada

Ninguém suporta mais essa tal corrupção
Então, comecemos agora uma nova campanha
Pra combater na raiz essa praga tamanha
Antes de bradar nas ruas, nos olhemos primeiro
Antes de condenar, nos miremos no espelho
Para ver se, em nós, também reside este mal
E não só para sair bem, de cara pintada, na rede social

sábado, 8 de agosto de 2015

Superação

Texto de: Alexandre Paredes.




Na aspereza do caminho, aparamos nossas arestas.
Com as pedras que nos atirem, podemos construir as edificações mais belas.
Nas maiores dificuldades, encontramos as grandes oportunidades.
Nas lutas mais acerbas, exercitamos nossa capacidade de vencer.
Nos momentos de crise, extraímos de nós recursos até então desconhecidos.
Em meio às trevas mais densas, descobrimos nossa luz adormecida.
Diante do pior, revelamos nossa capacidade de ser melhor.
Nas dores mais profundas, deparamo-nos com as maiores consolações.
Quando mais nos perdemos, é quando mais procuramos o sentido de tudo.
E, quando tudo parece perder o sentido, é que vamos ao encontro da verdade.


sábado, 1 de agosto de 2015

Comece sendo você mesmo

Texto: Alexandre Paredes



Se você quer mudar, comece sendo você mesmo. Não esse você que você pensa conhecer, mas esse você que ainda precisa ser descoberto.
A maior aventura de nossas vidas ainda é o autodescobrimento.
Nosso maior desafio é aceitarmo-nos e amarmo-nos tal qual somos.
Vivemos à procura do que deveríamos ser, ou do que esperam de nós, e acabamos nos perdendo de nós mesmos.
Acabamos acreditando na fantasia que criamos sobre nós mesmos, na máscara que usamos para disfarçar nossas inseguranças e injunções interiores, e a idolatramos. Somos, para o mundo, ainda, a propaganda do que gostaríamos de ser, mas que ainda não somos de fato.
No entanto, um dia a máscara cai e a verdade aparece, e, quando não estamos preparados para ela, fugimos em busca de novas ilusões.
A moda dita para nós como devemos nos vestir, e o mercado, o que devemos ter, mas não precisamos de tantas roupas, nem de tantos sapatos, nem de automóveis tão caros, nem de casas luxuosas.
Criamos necessidades que não temos, para parecer o que não somos, para mostrar uma felicidade que não possuímos ainda, pois, quando o móvel de nossas ações é o mundo das aparências ou o que os outros vão pensar, nos distanciamos da única felicidade real: aquela que vem de dentro.
Estamos sempre perseguindo um padrão de beleza irreal, de pessoas que aparecem em capas de revista. No entanto, essas mesmas pessoas que são modelos para nós, de modo geral, impõem a si mesmas e à sua vida sérias restrições, para exalar ao mundo o perfume da ilusão de uma plenitude e realização que beiram o vazio. Afinal, após a beleza passar, o que resta?
Buscamos nos mirar naqueles que são nossos modelos de sucesso, mas desconhecemos suas angústias interiores e o preço que pagaram para estarem onde estão. Nem sempre o sucesso perante o mundo é o sucesso perante nós mesmos.
Construímos a idéia de que o sucesso é alcançar o topo, uma posição de destaque no meio social. Isto significaria que somente alguns poucos executivos de empresa, pessoas bem sucedidas nos negócios, no meio científico ou religioso, pessoas belas ou endinheiradas, famosas ou de grande talento seriam as bem sucedidas, enquanto todo o resto vive uma corrida ansiosa rumo àquele topo que nunca chega, e quando chega, não traz a felicidade almejada.
Por isso, a extrema angústia em que vivemos mergulhados no mundo de hoje: vivemos à cata de miragens, buscamos o inalcançável e quando chegamos lá, nem sempre encontramos o que buscávamos.
A verdade é que tudo isso é reflexo do mundo que criamos, mundo ditado pelo mercado, mundo da competição, onde o sucesso e a felicidade são reservados aos melhores, a poucos infelizes invejados, mundo da coisificação de valores (tais como a amizade transformada em presentes, o da felicidade transformada em bens de consumo, o da boa educação transformada em boas escolas e boas condições financeiras), mundo da valorização e da precificação das coisas, enquanto os valores reais, verdadeiros, ficam para depois.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Síntese

Texto de: Alexandre Paredes



Perturbados, perturbamos.
Iluminados, iluminamos.

Quem só reclama... é só.
Quem tudo divide... tudo multiplica.

Quem não serve... não serve.
Quem ama encontra amor.

Revidar, reviver a dor.
Perdoar, reviver e dar.

Quem tem fé não se perde.
Quem vive a fé se salva.

Saber muito é muito pouco.
Aprender é infinito.

Endeusados, desumanos.
Ser humano, ser divino.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Quando a tempestade passar

Poema de: Alexandre Paredes



Quando a tempestade passar
Quero ver contigo o amanhecer
Olhar de novo o teu olhar
Revendo o novo a florescer

Quando a tempestade passar
Quero em teus braços me perder
E nos teus passos reencontrar
O melhor lugar pra se viver

Quando a tempestade passar
Vem comigo contar estrelas
E não, relembrar nossas tristezas
Pois que o melhor ainda virá

Em meio à tempestade em alto mar
Muitos nadas parecem muito
Poucos nadas são quase tudo
E pouco me resta, senão... te amar

domingo, 8 de março de 2015

Rastros

Poema de: Alexandre Paredes
















Olhei pra trás e não vi nada
Apenas pegadas... pegadas sem fim
Deixadas nas areias do tempo
Levadas pela força do vento
Apenas pegadas... pegadas enfim

Olhei pra trás e não vi nada
Somente pegadas... rastros de mim
Não vi se eu era rico ou se era pobre
Se fui plebeu ou se fui nobre
Mas apenas se eu era feliz

Olhei pra trás e vi pegadas
Marcas do que fui e do que fiz
Não vi se era prefeito ou empresário
Nem o que vesti, nem saldo bancário
Mas apenas o que eu aprendi

Olhei pra trás e só vi marcas
De tudo o que me levou até aqui
Não vi se eu fiz muito ou fiz sucesso
Se eu era culto ou se era belo
Mas só o bem que fiz enquanto vivi

De tudo o que vi de minhas marcas
Só restou o que me fez hoje ser assim
Não vi meu nome, nem meus títulos
Nem meus diplomas, nem currículos
Eu só vi mesmo... é se eu vivi

sexta-feira, 6 de março de 2015

A Diferença

Texto de: Alexandre Paredes




Vida sem Deus um dia perde o sentido.
Vida com Deus é renascer a cada dia.

Amor sem Deus converte-se em ódio ou indiferença.
Amor com Deus conduz-nos à plena felicidade.

Prazer sem Deus transmuta-se em dor.
Prazer com Deus é alegria de viver.

Dor sem Deus se dilata.
Dor com Deus nos transforma.

Ciência sem Deus constrói a bomba homicida.
Ciência com Deus produz a medicina que cura.

Religião sem Deus é só culto exterior, fanatismo e hipocrisia.
Religião com Deus é fé viva e vida no bem.

Educação sem Deus é verniz.
Educação com Deus é Deus no coração.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Quando a dor bater à tua porta

Poema de: Alexandre Paredes





Quando a dor bater à tua porta
Não te entregues ao lamento ou à revolta
Acende a luz da fé em teu caminho
Não te esqueças de que nunca estás sozinho
Lembra que o amor do Pai nunca se esgota
E que Ele nunca abandona o seu filho

Quando a dor bater à tua porta
Pensa que a vida será sempre uma escola
Em que o tempo nos ensina a viver
E a descobrir a paz que vive em nosso ser
Cada aflição é apenas uma prova
E cada lição, oportunidade de crescer

Quando a dor bater à tua porta
É hora de deixar o que não importa
Relembrar os valores verdadeiros
Reconhecer nossos erros costumeiros
Meditar sobre o que ainda nos falta
Pois nossos males nascem de nós mesmos

Quando a dor bater à tua porta
Observa os que estão à tua volta
Não penses ser maior teu aguilhão
Pois que no mundo cada um tem sua cota
De amarguras, sacrifício e expiação
Nessa escalada que nos leva à ascensão

Mas se a tormenta não te visita por agora
Dispõe-te a amar a quem anda contigo
Procura aproveitar a bênção desta hora
E oferece a alguém o teu ombro amigo
Para que teu coração encontre abrigo
Quando a dor bater à tua porta

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Comunicação

Texto de: Alexandre Paredes



O que você quis dizer
não foi exatamente o que você disse.

E o que você disse
não foi o que realmente o outro escutou.

E o que você não queria dizer de jeito nenhum
ficou subentendido nas entrelinhas.

O que a gente cala
o corpo fala.

E o que a gente fala
vai muito além das nossas palavras;
transparece nos gestos e jeitos, silêncios e timbres, posturas e olhares.

Aquilo que a gente mais fala que é
é o que a gente ainda tem dificuldade de ser.

As coisas que mais falamos dos outros
são as que mais revelam quem nós somos de fato.

Nossas palavras falam menos do que nossas ações.
E nossas ações formam o livro da nossa existência.

Mas cada um só lê do livro da vida do outro segundo o que traz em si mesmo.
E cada um só escuta até o limite do que quer ou está preparado para ouvir.