sábado, 25 de abril de 2020

O que mais...

Texto de: Alexandre Paredes


O que mais assusta não é a velocidade do vírus, mas a virulência do ódio.

O que mais mata não é a doença em si, mas a indiferença de alguns governantes.

O que mais inquieta não é o avanço da pandemia, mas o avanço da ignorância, do negacionismo e das teorias da conspiração.

O que mais dói não são as aflições do contágio, mas ver a insensibilidade de alguns perante a aflição de tantos.

O que mais assombra não é o tamanho do desafio, mas perceber que não estamos unidos para enfrentá-lo.

O que mais consola não é saber que logo tudo voltará a ser como antes, mas, justamente, reconhecer que, depois de tudo isso, o mundo não será mais o mesmo.

O que mais encoraja não são as palavras de otimismo e de esperança de alguns, mas o trabalho silencioso de pessoas anônimas, que atuam na linha de frente: enfermeiros, médicos, coveiros, lixeiros, bombeiros e heróis da solidariedade.

O que mais dá esperança não são as promessas de vacina ou de cura, mas a certeza de que as aflições coletivas são grandes oportunidades de correção de rumos.

O que mais alegra não é somente ver os aplausos aos profissionais de saúde, as cantorias nas janelas e as “lives” nas redes sociais, mas observar que, apesar do isolamento e da distância social, a mesma dor em comum nos tem feito perceber que somos uma só humanidade.

O que mais fortalece nossa fé não é crer que o mal ou a morte não baterão à nossa porta, mas a convicção de que a morte não existe, de que nenhuma dor chega-nos por acaso e que toda provação é um instrumento para a nossa educação espiritual, a fim de que nos tornemos pessoas mais felizes perante a eternidade.

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