Poema de: Alexandre Paredes
Bem aventurados são os pobres de espírito
Porque apesar das conquistas e dos valores seus
Apesar das virtudes que trazem, sabem lá no íntimo
Que toda verdadeira riqueza da alma promana de Deus
Deus é como a videira e cada um de nós é como a vara
Daquela provém todo o bem, a felicidade, a seiva da vida
Quando alguém de nós procura se destacar, dela se separa
É como a vara que se solta da videira e se torna ressequida
Por isso é que o Reino dos Céus já é “deles” lá no fundo
Não se trata apenas de uma promessa, mas de uma realidade
Quando vencemos o desejo de destaque perante o mundo
Conectamo-nos ao Reino de paz, sabedoria, amor e verdade
Todo aquele que reconhece a sua pobreza espiritual
Perante a grandeza do amor dAquele que a todos criou
Mesmo sem saber, já conquistou em si a virtude principal
Que se chama humildade, e nela sua maior força encontrou
Porque quando alguém, de fato, é mesmo humilde
Não sofre quando alguém lhe infringe alguma humilhação
Não se ofende quando alguém o diminui ou o agride
Pois não espera aplauso do mundo ou a sua consideração
O que lhe importa é a aprovação da própria consciência
Não se compara a outrem, nem quer ser superior a alguém
Mas busca se corrigir e aproveita cada dia de sua existência
Para ser melhor do que já foi e não melhor do que ninguém
Não há virtude quando o orgulho caminha a seu lado
Caridade com orgulho queima a mão do beneficiado
Não existe sabedoria quando ela vem com a arrogância
As duas juntas são apenas um atestado de ignorância
Não existe perdão com sentimento de superioridade
Ele só existe quando a gente se coloca no mesmo patamar
Só existe misericórdia onde há verdadeira fraternidade
Só há empatia quando no lugar do outro a gente se colocar
Não é possível coexistirem a real bondade e a soberba
Porque uma anula a outra e mostra a verdadeira motivação
Apenas revela a falsa bondade de uma alma enferma
Que age por interesse próprio e não por amor no coração
Não se deve confundir humildade com pobreza material
Porque há quem esteja na escassez ou na subalternidade
Mas se cubra com os farrapos do orgulho e sua miséria moral
E há quem seja rico e traga em si a verdadeira humildade
Pobreza de espírito não tem a ver com pobreza de virtudes
O que ocorre é que todo aquele que acredita tê-las
Mas que lhe falta a humildade em pensamentos e atitudes
Faz delas moedas adulteradas, sem valor, não verdadeiras
Nós nunca saberemos quando conquistamos a humildade
Ela é uma virtude fugidia, que nos escapa por entre os dedos
Pois aqueles que acreditam tê-la alcançado, na verdade,
Apenas cedem a outra forma de orgulho e os seus apelos
Todo aquele que acredita ser humilde já é um orgulhoso
Cai em uma nova armadilha do seu próprio ego inflado
Cria uma fantasia em seu coração, a de que é um virtuoso
Crê numa versão de si, a de um ser humano desumanizado
Pobres de espírito são os que têm sempre algo a aprender
São aqueles que olham para si e reconhecem os próprios erros
Procuram superar a si mesmos, e não às outras pessoas vencer
Pois os primeiros serão os últimos, e os últimos, os primeiros
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