Poema de: Alexandre Paredes
Bem aventurados os misericordiosos
Porque eles alcançarão misericórdia
Os que assim viverem serão ditosos
Por entenderem, de fato, a Boa Nova
Pois o Cristo disse que o Pai faz nascer o Sol
Sobre bons e maus, sobre os justos e injustos
Então, se realmente fizermos Dele o nosso farol
Devemos amar e perdoar sem cobrar tributos
Porque a misericórdia é a graça não merecida
E para alcançá-la é preciso elevar-se para além
Das limitadas ideias humanas sobre justiça
Aprendendo a fazer o bem sem olhar a quem
Se nossa justiça não for maior, mais abrangente
Do que aquela que julga o outro com severidade
Se continuarmos no “olho por olho, dente por dente”
Seremos todos nós vítimas dessa mesma austeridade
Aquele que se abre para a misericórdia infinita
Perdoando não sete vezes, mas setenta vezes sete
Estará assinalado pela Lei, pela Justiça Divina
Para ser perdoado em relação ao que a Ela deve
O perdão de Deus não nos exime das consequências
Dos atos impensados e equivocados de outrora
Oferece-nos novas oportunidades e experiências
Para nos redimirmos e rumarmos para nova aurora
Em nossa consciência está inscrita a Lei Universal
Ela é o nosso juiz e advogado ao mesmo tempo
A medida que usamos para julgar no outro o mal
É a mesma a ser usada quando olhamos para dentro
Pois todo aquele que julga com rigor, na verdade
Já tem o rigor dentro de si, já é de si o seu algoz
Mesmo fugindo de si mesmo e usando disfarce
Em seu interior, lá no fundo, lhe adverte uma voz
É sua centelha divina a lhe indicar o que é o bem
E quando a alma envereda pelo caminho do engano
Muitas vezes projeta sua culpa condenando alguém
Num mecanismo de evasão do ego muito humano
O desconforto de enfrentar o mal que há em nós
Leva-nos a projetá-lo nas pessoas que nos cercam
O julgamento que se faz do outro torna-se mais feroz
Quanto mais difícil é encarar as dores que nos afetam
Quando nos abrimos para o honesto autoconhecimento
Reconhecendo em nós o engano, o erro, a imperfeição
Entramos em nova faixa de emoção e pensamento
Sintonizando com a suave lei de misericórdia e perdão
Cessando em nós o desconforto que nos leva à evasão
Cessa também qualquer incômodo com o erro alheio
Percebemos que também precisamos de compaixão
E ao invés de perseguir o outro, seremos o seu esteio
A misericórdia nasce a partir do claro entendimento
De que todos, de alguma forma, somos devedores
De que todos necessitamos dela em algum momento
Seja por atos praticados nesta vida ou em anteriores
Quando entendemos que nossas aflições todas
Que surgem em nossa caminhada na vida terrena
Sejam elas oriundas das pessoas ou das coisas
São apenas degraus, nossa vida fica mais amena
Ninguém sofre sem necessidade ou merecimento
Senão onde estaria a sabedoria e justiça divina?
Então se alguém nos fere é apenas instrumento
E se torna menos escusável aquele que se vinga
Mas quem faz o mal está usando seu livre arbítrio
Quem prejudica ou maltrata o faz por sua conta
Ninguém tem por missão ser causa de martírio
Então precisará se redimir ante a Lei que afronta
Os nossos sofrimentos têm origem em nós mesmos
Se a causa não está nesta vida, está em vida
anterior
Reparar o mal é um dos motivos pelos quais viemos
Mas o principal é aprendermos a vivenciar o amor
Quando aprendemos, de fato, a amar e a perdoar
Abrimos as algemas que nos prendem ao ofensor
Tiramos um peso que afeta nosso sentir e pensar
Libertando-nos também de quem se faz cobrador
Pois entramos em nova frequência vibratória
Saímos da lei do perpétuo revide e vingança
E acessamos a lei da caridade, emancipatória
Fonte de eterna alegria, verdade e esperança
Aquele que percebe no adversário um irmão
Descobre a felicidade do Evangelho vivenciado
Antes de julgar, escuta a voz em seu coração
“Atire a primeira pedra quem não tiver pecado”
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