Poema de: Alexandre Paredes
O sangue é o esteio da
vitalidade em nossa existência
Pois leva ele alimento e abundância
por todo o seu caminho
Mas o homem, desviando-se de
sua essência
Foi transformando-o, de
desatino em desatino
Em símbolo de morte e
violência
O sexo é permuta, troca de
energia
É a força que nos guia ao
milagre da multiplicação
Multiplicação de amor,
bem-estar e alegria
É o aparelho reprodutor
reproduzindo a obra da Criação
Mas o ser humano, na sua
busca do prazer desenfreado
Fez desse fogo sagrado a sua
banalização
Desceu ao nível mais abjeto
Rebaixou-se à condição de
objeto
E viu no sexo uma fonte de
pecado
O dinheiro bem usado é como
roda em movimento
Convertendo a força do
trabalho em riqueza e alimento
Transformando o tempo
empregado em progresso e sustento
Mas o homem, descuidado,
inverte a lógica do bom senso
Mantém o dinheiro estagnado
e vive em busca de passatempo
Faz de si o seu escravo em
vez de torná-lo fonte de alento
Por tudo isso, perante o
dinheiro, vive o homem em contradição
Deposita nele toda a
felicidade ou vê nele a causa de sua perdição
O poder deveria ser visto
como a ponte do destino
Levando ao excluído a
oportunidade; ao ignorante o ensino
Aos desvalidos da sociedade
saúde, emprego e abrigo
Devolvendo a dignidade a
quem se desviou do bom caminho
Mas o homem usa esse dom a
serviço do seu egoísmo
E como forma de enaltecer o
seu orgulho desmedido
Assim, sem proveito, o poder
vai passando de mão em mão
E o homem continua
confundindo-o
Com sinônimo de tirania,
despotismo e corrupção
O homem vê as coisas
conforme a sua vivência
E, numa forma de fuga a que
se entrega
Inconscientemente, num mecanismo
de transferência
Em vez de enxergar em si
todo mal moral, toda causa de queda
Numa mentira que anestesia a
consciência
Prefere ver a sujeira no
prazer, na beleza, na moeda
Cultiva a cegueira para com
sua própria excrescência
E, se encontra o mal em si,
dele foge ou então nega
Enxerga a vida pelas lentes
de sua indigência
Percebe o mundo pela mente e vê no mundo o que projeta
Percebe o mundo pela mente e vê no mundo o que projeta
Distorce a pureza, a virtude
e a inocência
Não vê que o bem e o mal não estão
nas coisas, mas no que fazemos delas