Poema de: Alexandre Paredes
A dor, em geral, é um sinal de que algo não vai bem
Ela nos avisa que algum ponto precisa de atenção
É um mecanismo da natureza que todo mundo tem
Não se trata de castigo da vida nem divina punição
É tão somente uma lei natural visando a harmonia
Para que preservemos a saúde do corpo e a da mente
Um espinho que não doesse, muito mal nos causaria
E uma alma enferma sem a dor permaneceria doente
Sem a dor ignoraríamos a ferida que causa a infecção
E não agiríamos para olhar para ela e conter o dano
A dor que insiste em doer é comparável ao aguilhão
Que conduz a ovelha desgarrada de volta ao rebanho
Então, seja qual for o tipo da nossa dor – física ou moral
Ela exerce sempre em nossas vidas um papel educativo
Sobre a saúde da alma, ela é uma ferramenta fundamental
Para a correção de rumos e acelerar o processo evolutivo
Se a dor é um alerta, que dizer da dor que não cessa?
Pode ser que ela decorra da insistência, da teimosia
Da alma que quer as ilusões do mundo que atravessa
E manter o peso das máscaras para viver na fantasia
Mas existe dor que nada tem a ver com atos desta vida
Há tanta aflição que parece ser apenas gratuito fardo
Na verdade, nossa alma tem uma história muito antiga
E carrega em si as chagas dos seus erros do passado
Já vivemos em outros corpos, outras épocas da história
Outrora, pisamos em flores e ferimos muitos corações
Para progredir, encontrar a felicidade e alcançar a vitória
A alma pede para retornar, redimir-se em meio a aflições
Não pensemos que a dor que nos afeta venha por acaso
Isto seria duvidar da justiça e da sabedoria do Criador
Sempre há um fim útil e uma causa justa em cada caso
E sempre uma oportunidade de progredir para o amor
Seja por nossas ações desta vida ou de vidas anteriores
O fato é que a causa das nossas aflições reside em nós
E a dor serve sempre para aferir a conquista de valores
E também para nos fazer lembrar que nunca estamos sós
Pois, ao lado de cada dor, o Pai colocou uma consolação
Nas aflições mais acerbas é que lembramos o valor da fé
Sem o obstáculo, a doença ou o luto, haveria estagnação
Só se viveria a vida material, esquecendo o que a gente é
Somos espíritos imortais, adquirindo o bem e a iluminação
Cada passo da jornada, cada dor vivenciada é um degrau
Que só é superado quando a gente a aceita com resignação
E aproveita para corrigir em si toda a causa de dor, o mal
Mas há quem, quando sofre, acuse a sorte ou a falta dela
Enquanto cultiva inimizades, semeia a discórdia e a maldade
Cultiva o a inveja, o ciúme, a tristeza por qualquer bagatela
Para esses, a dor é uma escolha voluntária pela infelicidade
Em sua maioria, as aflições decorrem de ações da atual vida
Da desarmonia na relação com o corpo, os outros ou consigo
Se não podemos mudar tudo, podemos olhar para a ferida
Amadurecer com ela, buscar curá-la e buscar na fé o abrigo