sexta-feira, 11 de abril de 2025

Dor

 Poema de: Alexandre Paredes




 




A dor, em geral, é um sinal de que algo não vai bem

Ela nos avisa que algum ponto precisa de atenção

É um mecanismo da natureza que todo mundo tem

Não se trata de castigo da vida nem divina punição

 

É tão somente uma lei natural visando a harmonia

Para que preservemos a saúde do corpo e a da mente

Um espinho que não doesse, muito mal nos causaria

E uma alma enferma sem a dor permaneceria doente

 

Sem a dor ignoraríamos a ferida que causa a infecção 

E não agiríamos para olhar para ela e conter o dano

A dor que insiste em doer é comparável ao aguilhão

Que conduz a ovelha desgarrada de volta ao rebanho

 

Então, seja qual for o tipo da nossa dor – física ou moral

Ela exerce sempre em nossas vidas um papel educativo

Sobre a saúde da alma, ela é uma ferramenta fundamental

Para a correção de rumos e acelerar o processo evolutivo

 

Se a dor é um alerta, que dizer da dor que não cessa?

Pode ser que ela decorra da insistência, da teimosia

Da alma que quer as ilusões do mundo que atravessa

E manter o peso das máscaras para viver na fantasia

 

Mas existe dor que nada tem a ver com atos desta vida

Há tanta aflição que parece ser apenas gratuito fardo

Na verdade, nossa alma tem uma história muito antiga

E carrega em si as chagas dos seus erros do passado

 

Já vivemos em outros corpos, outras épocas da história

Outrora, pisamos em flores e ferimos muitos corações

Para progredir, encontrar a felicidade e alcançar a vitória

A alma pede para retornar, redimir-se em meio a aflições

 

Não pensemos que a dor que nos afeta venha por acaso

Isto seria duvidar da justiça e da sabedoria do Criador

Sempre há um fim útil e uma causa justa em cada caso

E sempre uma oportunidade de progredir para o amor

 

Seja por nossas ações desta vida ou de vidas anteriores

O fato é que a causa das nossas aflições reside em nós

E a dor serve sempre para aferir a conquista de valores

E também para nos fazer lembrar que nunca estamos sós

 

Pois, ao lado de cada dor, o Pai colocou uma consolação

Nas aflições mais acerbas é que lembramos o valor da fé

Sem o obstáculo, a doença ou o luto, haveria estagnação

Só se viveria a vida material, esquecendo o que a gente é

 

Somos espíritos imortais, adquirindo o bem e a iluminação

Cada passo da jornada, cada dor vivenciada é um degrau

Que só é superado quando a gente a aceita com resignação

E aproveita para corrigir em si toda a causa de dor, o mal

  

Mas há quem, quando sofre, acuse a sorte ou a falta dela

Enquanto cultiva inimizades, semeia a discórdia e a maldade

Cultiva o a inveja, o ciúme, a tristeza por qualquer bagatela

Para esses, a dor é uma escolha voluntária pela infelicidade

 

Em sua maioria, as aflições decorrem de ações da atual vida

Da desarmonia na relação com o corpo, os outros ou consigo

Se não podemos mudar tudo, podemos olhar para a ferida

Amadurecer com ela, buscar curá-la e buscar na fé o abrigo