Texto de: Alexandre Paredes
A humildade é a virtude que menos procuramos neste mundo, é a maior de todas e a mais difícil de ser conquistada. E você nunca saberá se é uma pessoa humilde, pois quem se acha humilde já é um orgulhoso.
Humildade não tem nada a ver com ser pobre, vestir-se mal ou morar numa casinha de palha, pois há quem mendiga pão e vive na mais completa pobreza e, mesmo assim, é um poço de orgulho. E há aqueles que vivem em palácios e são pessoas humildes.
A humildade é o oposto do orgulho e o orgulho é a preocupação pelo destaque, por ser melhor do que os outros, é o clamor do ego buscando sua auto-afirmação. É a ilusão que criamos sobre nós mesmos para fugir do contato com o que somos de fato.
A preocupação pelo destaque é o que move a humanidade. Até mesmo muitas daquelas pessoas a quem o mundo chama de humildes buscam, no íntimo, algum tipo de reconhecimento, de destaque, nem que seja perante o céu.
Quantos há que, sem perceberem, estão buscando se sobressair pelo tanto que sofrem. Imaginam-se carregando uma cruz maior do que a de todos os outros e internam-se na condição de sofredores, de vítimas, e não de agentes do próprio destino.
Quando alguém não consegue ser notado por suas virtudes ou qualidades, por não serem facilmente conquistadas, procura destacar-se de outro modo: pelo mal, pelo ridículo, pela sensualidade, pelo banal, pelo vício; pelo carro, pela casa e pelo luxo das coisas exteriores que crê possuir.
Existem até aqueles que se destacam por serem muito bons no mal que fazem, e se comprazem nisso, enquanto há os que nada fazem porque nunca se sentem bons o suficiente. Isto também é uma falta de humildade: a de não aceitar-se tal qual é.
Até mesmo aqueles que procuram a virtude caem na armadilha de buscar o destaque, de quererem ser melhores do que os outros, e encontramos aqueles que são orgulhosos por terem “virtudes”, o que é um contra-senso.
Mas dificilmente você será uma pessoa virtuosa sem humildade, pois não é possível existir o bem sem a humildade.
Caridade sem humildade não é caridade, é humilhação.
Sabedoria sem humildade não é sabedoria, é presunção.
Bondade sem humildade não é bondade, é vontade de aparecer.
Inteligência e conhecimento sem humildade é atestado de ignorância.
O orgulho somente será vencido em nós quando pararmos de procurar ser o que não somos; quando pararmos de querer ser melhores do que os outros, para simplesmente sermos melhores do que já fomos; quando olharmos para uma simples formiga e percebermos que ela também é criatura de Deus, caminhando em sua evolução e que, uma dia, chegará à condição de Anjo; quando descobrirmos que a única fatalidade que existe no destino de todas as criaturas, até mesmo aquela mais vil, criminosa ou ignóbil, é a de que irá tornar-se, um dia, um espírito puro, dotado de sabedoria e amor plenos.
Quando isso acontecer, olharemos para nós com amor e nos aceitaremos tal qual somos, sem maquiagens, sem ilusões, por entendermos que somos filhos do Altíssimo, e Ele, por ser perfeito, não poderia ter criado nenhuma criatura com defeitos, destinada ao fracasso ou à perdição.
Por isso, somos todos seres perfectíveis, trilhando o caminho da evolução infinita em direção à Deus. Esse entendimento nos leva inevitavelmente à compreensão de que o outro, mesmo que esteja acima ou abaixo de mim na caminhada evolutiva, chegará, da mesma forma ao cume da evolução, o que nos induz fatalmente ao respeito ao próximo, assim como à toda a criação de Deus: seja o verme, o vegetal, a ave que canta, o animal que nos pede carinho, a pedra, o átomo.