Artigo de: Alexandre Paredes
Arma de fogo é um ótimo instrumento de ataque, mas não é um eficiente instrumento de defesa.
Basta imaginar uma bala nas costas, ou alguém que, premeditadamente, saca a arma, e você, por mais que esteja armado, já está vendido. Antes mesmo que se pense na possibilidade de defesa, seu fim já foi decretado.
Você pode ter uma arma na sua casa ou até levá-la na cintura, mas se o bandido aponta a arma primeiro para a sua cabeça ou para a de seu filho, sua arma não vale nada.
Agora, se você é quem ataca ou se vinga, a arma é eficaz, mas aí você é que é o bandido.
Trazer a pauta do porte de armas generalizado para a população como uma política pública contra a violência e a criminalidade é atestar a ineficiência do Estado no combate a esses problemas, na medida em que ele estaria, em tese, delegando ao cidadão comum a tarefa de defender-se de malfeitores.
Ocorre que não se sabe quem são os malfeitores até que eles cometam crimes. Então, de modo geral, estariam sendo armados os "homens de bem" e os "malfeitores". E como a arma de fogo não é um bom instrumento de defesa, como já foi dito, de modo geral é de se esperar que a facilidade ao acesso a armas beneficie mais aos malfeitores.
Isso sem contar que muitas discussões, brigas comuns que, antes, terminariam em alguns xingamentos, socos e empurrões, passarão a ter desfechos bem mais trágicos, como assassinatos e chacinas.
Há que se levar em conta também o aumento nos casos de suicídios e acidentes com armas, que ceifam a vida de pessoas inocentes, como crianças e adolescentes, dada a disponibilidade da arma em casa.
Em países onde o porte de armas é facilitado, não raro vemos exemplos de chacinas praticadas por pessoas aparentemente pacatas, mas que, por terem sofrido bullyng durante uma fase da vida ou por ressentimentos contra a sociedade, resolvem assassinar aleatoriamente crianças em escolas. Quando o criminoso consegue ser detido ou alvejado, o dano já está feito.
Por trás de tantos discursos que observamos, na realidade, os verdadeiros beneficiados por uma população armada são aqueles que lucram com a guerra, a indústria armamentícia, e aqueles políticos que pretendem armar seus apoiadores numa eventual insurreição política, para assumirem o poder ou manterem-se nele por meio da força ou da intimidação, o que é inadmissível em países que se digam democráticos.
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