Texto de; Alexandre Paredes
Em meio a pessoas tolas e irascíveis, mal
resolvidas consigo mesmas, não levar desaforo para casa é considerado uma
virtude.
Onde a violência tornou-se normalizada e
banalizada, a vingança, a crueldade e o desprezo pelas vidas alheias podem ser
vistos como justiça.
Quando
o consumismo nos governa, as conquistas materiais e o excesso de bens e
recursos financeiros podem ser confundidos com a conquista da felicidade, assim
como a ambição desmedida é retratada como pré-requisito para uma vida de
sucesso.
Entre indivíduos carregados de preconceitos, que
sentem a necessidade de diminuir o outro para enaltecer o próprio ego, ou por buscarem
autoafirmação, senso de pertencimento ou de comunidade, piadas com ofensas
racistas ou xenofóbicas são consideradas apenas uma brincadeira.
Quando
o individualismo, a egolatria e o orgulho de classe ou de nacionalidade tomam
conta de nossas vidas, o menosprezo pela natureza, por outras culturas e povos,
ou por outras formas de ver a vida e o mundo é aplaudido e tido por evolução e
progresso.
Onde o materialismo domina as mentalidades, o senso
de espiritualidade ou de religiosidade é visto como atraso social.
Em
regiões onde impera o fanatismo, o suicídio e o homicídio de várias pessoas
podem ser interpretados como heroísmo ou a luta do bem contra o mal.
A percepção do bem e do mal é sempre influenciada e
distorcida pela lente das paixões que nutrimos, individual ou coletivamente.
Cada cultura, cada povo, alimenta paixões que
influenciam as pessoas que os integram. Estes, por sua vez, influenciam a
cultura e o povo aos quais pertencem.
Mas sempre temos a opção de refletir, questionar,
pensar por nós mesmos e agir de forma diferente dos valores que nos foram
transmitidos.
Em cada pensamento, palavra ou ação, somos sempre
instados a fazer algumas perguntas muito simples: “Isto é bom?”; “Isto é
verdade?” “Quais são os frutos dessa forma de agir?”; e a mais importante – “E
se fosse eu a estar do outro lado, eu gostaria dessa forma de agir ou pensar
para comigo mesmo?”.
Nesses tempos de tanta relativização e distorção de valores por conta das más paixões que ainda nos dominam, não existe guia mais seguro para nossas ações senão o desejar para o outro, seja ele quem for, aquilo que desejamos para nós, o não fazer ao outro aquilo que não gostaríamos que nos fosse feito.
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