sábado, 22 de setembro de 2012

Distorções


Poema de: Alexandre Paredes



O sangue é o esteio da vitalidade em nossa existência
Pois leva ele alimento e abundância por todo o seu caminho
Mas o homem, desviando-se de sua essência
Foi transformando-o, de desatino em desatino
Em símbolo de morte e violência

O sexo é permuta, troca de energia
É a força que nos guia ao milagre da multiplicação
Multiplicação de amor, bem-estar e alegria
É o aparelho reprodutor reproduzindo a obra da Criação
Mas o ser humano, na sua busca do prazer desenfreado
Fez desse fogo sagrado a sua banalização
Desceu ao nível mais abjeto
Rebaixou-se à condição de objeto
E viu no sexo uma fonte de pecado

O dinheiro bem usado é como roda em movimento
Convertendo a força do trabalho em riqueza e alimento
Transformando o tempo empregado em progresso e sustento
Mas o homem, descuidado, inverte a lógica do bom senso
Mantém o dinheiro estagnado e vive em busca de passatempo
Faz de si o seu escravo em vez de torná-lo fonte de alento
Por tudo isso, perante o dinheiro, vive o homem em contradição
Deposita nele toda a felicidade ou vê nele a causa de sua perdição

O poder deveria ser visto como a ponte do destino
Levando ao excluído a oportunidade; ao ignorante o ensino
Aos desvalidos da sociedade saúde, emprego e abrigo
Devolvendo a dignidade a quem se desviou do bom caminho
Mas o homem usa esse dom a serviço do seu egoísmo
E como forma de enaltecer o seu orgulho desmedido
Assim, sem proveito, o poder vai passando de mão em mão
E o homem continua confundindo-o
Com sinônimo de tirania, despotismo e corrupção

O homem vê as coisas conforme a sua vivência
E, numa forma de fuga a que se entrega
Inconscientemente, num mecanismo de transferência
Em vez de enxergar em si todo mal moral, toda causa de queda
Numa mentira que anestesia a consciência
Prefere ver a sujeira no prazer, na beleza, na moeda

Cultiva a cegueira para com sua própria excrescência
E, se encontra o mal em si, dele foge ou então nega
Enxerga a vida pelas lentes de sua indigência
Percebe o mundo pela mente e vê no mundo o que projeta
Distorce a pureza, a virtude e a inocência
Não vê que o bem e o mal não estão nas coisas, mas no que fazemos delas