sábado, 8 de maio de 2021

Bem Aventurados os Pobres de Espírito

 Poema de: Alexandre Paredes


Bem aventurados são os pobres de espírito

Porque apesar das conquistas e dos valores seus

Apesar das virtudes que trazem, sabem lá no íntimo

Que toda verdadeira riqueza da alma promana de Deus

 

Deus é como a videira e cada um de nós é como a vara

Daquela provém todo o bem, a felicidade, a seiva da vida

Quando alguém de nós procura se destacar, dela se separa

É como a vara que se solta da videira e se torna ressequida

 

Por isso é que o Reino dos Céus já é “deles” lá no fundo

Não se trata apenas de uma promessa, mas de uma realidade

Quando vencemos o desejo de destaque perante o mundo

Conectamo-nos ao Reino de paz, sabedoria, amor e verdade

 

Todo aquele que reconhece a sua pobreza espiritual

Perante a grandeza do amor dAquele que a todos criou

Mesmo sem saber, já conquistou em si a virtude principal

Que se chama humildade, e nela sua maior força encontrou

 

Porque quando alguém, de fato, é mesmo humilde

Não sofre quando alguém lhe infringe alguma humilhação

Não se ofende quando alguém o diminui ou o agride

Pois não espera aplauso do mundo ou a sua consideração

 

O que lhe importa é a aprovação da própria consciência

Não se compara a outrem, nem quer ser superior a alguém

Mas busca se corrigir e aproveita cada dia de sua existência

Para ser melhor do que já foi e não melhor do que ninguém

 

Não há virtude quando o orgulho caminha a seu lado

Caridade com orgulho queima a mão do beneficiado

Não existe sabedoria quando ela vem com a arrogância

As duas juntas são apenas um atestado de ignorância

 

Não existe perdão com sentimento de superioridade

Ele só existe quando a gente se coloca no mesmo patamar

Só existe misericórdia onde há verdadeira fraternidade

Só há empatia quando no lugar do outro a gente se colocar

 

Não é possível coexistirem a real bondade e a soberba

Porque uma anula a outra e mostra a verdadeira motivação

Apenas revela a falsa bondade de uma alma enferma

Que age por interesse próprio e não por amor no coração

  

Não se deve confundir humildade com pobreza material

Porque há quem esteja na escassez ou na subalternidade

Mas se cubra com os farrapos do orgulho e sua miséria moral

E há quem seja rico e traga em si a verdadeira humildade

 

Pobreza de espírito não tem a ver com pobreza de virtudes

O que ocorre é que todo aquele que acredita tê-las

Mas que lhe falta a humildade em pensamentos e atitudes

Faz delas moedas adulteradas, sem valor, não verdadeiras

 

Nós nunca saberemos quando conquistamos a humildade

Ela é uma virtude fugidia, que nos escapa por entre os dedos

Pois aqueles que acreditam tê-la alcançado, na verdade,

Apenas cedem a outra forma de orgulho e os seus apelos

 

Todo aquele que acredita ser humilde já é um orgulhoso

Cai em uma nova armadilha do seu próprio ego inflado

Cria uma fantasia em seu coração, a de que é um virtuoso

Crê numa versão de si, a de um ser humano desumanizado

 

Pobres de espírito são os que têm sempre algo a aprender

São aqueles que olham para si e reconhecem os próprios erros

Procuram superar a si mesmos, e não às outras pessoas vencer

Pois os primeiros serão os últimos, e os últimos, os primeiros

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