sábado, 24 de dezembro de 2011

Humildade

Texto de: Alexandre Paredes


A humildade é a virtude que menos procuramos neste mundo, é a maior de todas e a mais difícil de ser conquistada. E você nunca saberá se é uma pessoa humilde, pois quem se acha humilde já é um orgulhoso.

Humildade não tem nada a ver com ser pobre, vestir-se mal ou morar numa casinha de palha, pois há quem mendiga pão e vive na mais completa pobreza e, mesmo assim, é um poço de orgulho. E há aqueles que vivem em palácios e são pessoas humildes.

A humildade é o oposto do orgulho e o orgulho é a preocupação pelo destaque, por ser melhor do que os outros, é o clamor do ego buscando sua auto-afirmação. É a ilusão que criamos sobre nós mesmos para fugir do contato com o que somos de fato.

A preocupação pelo destaque é o que move a humanidade. Até mesmo muitas daquelas pessoas a quem o mundo chama de humildes buscam, no íntimo, algum tipo de reconhecimento, de destaque, nem que seja perante o céu.

Quantos há que, sem perceberem, estão buscando se sobressair pelo tanto que sofrem. Imaginam-se carregando uma cruz maior do que a de todos os outros e internam-se na condição de sofredores, de vítimas, e não de agentes do próprio destino.

Quando alguém não consegue ser notado por suas virtudes ou qualidades, por não serem facilmente conquistadas, procura destacar-se de outro modo: pelo mal, pelo ridículo, pela sensualidade, pelo banal, pelo vício; pelo carro, pela casa e pelo luxo das coisas exteriores que crê possuir.

Existem até aqueles que se destacam por serem muito bons no mal que fazem, e se comprazem nisso, enquanto há os que nada fazem porque nunca se sentem bons o suficiente. Isto também é uma falta de humildade: a de não aceitar-se tal qual é.

Até mesmo aqueles que procuram a virtude caem na armadilha de buscar o destaque, de quererem ser melhores do que os outros, e encontramos aqueles que são orgulhosos por terem “virtudes”, o que é um contra-senso.

Mas dificilmente você será uma pessoa virtuosa sem humildade, pois não é possível existir o bem sem a humildade.

Caridade sem humildade não é caridade, é humilhação.
Sabedoria sem humildade não é sabedoria, é presunção.
Bondade sem humildade não é bondade, é vontade de aparecer.
Inteligência e conhecimento sem humildade é atestado de ignorância.


O orgulho somente será vencido em nós quando pararmos de procurar ser o que não somos; quando pararmos de querer ser melhores do que os outros, para simplesmente sermos melhores do que já fomos; quando olharmos para uma simples formiga e percebermos que ela também é criatura de Deus, caminhando em sua evolução e que, uma dia, chegará à condição de Anjo; quando descobrirmos que a única fatalidade que existe no destino de todas as criaturas, até mesmo aquela mais vil, criminosa ou ignóbil, é a de que irá tornar-se, um dia, um espírito puro, dotado de sabedoria e amor plenos.

Quando isso acontecer, olharemos para nós com amor e nos aceitaremos tal qual somos, sem maquiagens, sem ilusões, por entendermos que somos filhos do Altíssimo, e Ele, por ser perfeito, não poderia ter criado nenhuma criatura com defeitos, destinada ao fracasso ou à perdição.

Por isso, somos todos seres perfectíveis, trilhando o caminho da evolução infinita em direção à Deus. Esse entendimento nos leva inevitavelmente à compreensão de que o outro, mesmo que esteja acima ou abaixo de mim na caminhada evolutiva, chegará, da mesma forma ao cume da evolução, o que nos induz fatalmente ao respeito ao próximo, assim como à toda a criação de Deus: seja o verme, o vegetal, a ave que canta, o animal que nos pede carinho, a pedra, o átomo.


domingo, 23 de outubro de 2011

A centelha do bem

Texto de: Alexandre Paredes

Quando acendemos uma luz a fim de iluminar o caminho do companheiro de jornada, estamos iluminando o nosso próprio caminho.
A centelha da esperança que acendemos hoje no coração de alguém poderá ser, amanhã, um farol a guiar nossos passos, acenando ao longe, quando estivermos perdidos na escuridão das tempestades da vida.
O sorriso ameno endereçado ao irmão que caminha sob o fardo do mundo consistirá em estímulo renovador, e servirá de alívio à nossa própria dor.
O gesto fraterno, realizado com simplicidade e desinteresse, ficará gravado nas consciências do beneficiado e do benfeitor, para sempre, como um exemplo vivo a ser seguido.
O conselho sincero e amigo poderá não solucionar as intricadas questões do próximo, mas, sem dúvida, poderá clarear-lhe os pensamentos, a fim de tomar boas resoluções, e nos facultará ver, com mais exatidão, a pequenez de nossos problemas.
O prato de comida oferecido, com respeito, ao transeunte faminto, e preservando-lhe a dignidade, poderá não resolver o problema da fome no mundo, mas poderá evitar a prática de um crime ou a queda de alguém no caminho da revolta e, certamente, renovará as energias que sustentam a nossa alma.
Todo trabalho realizado em benefício de nós mesmos ou de outrem é proveitoso, mas a gota de caridade real e verdadeira, depositada no mundo que nos cerca, será sempre um bem eterno.
A renovação do mundo ou a transformação da humanidade, embora peçam nossa colaboração, pertencem a Deus, mas o bem que está ao nosso alcance realizar agora cabe somente a nós mesmos.
            Poderemos, agora mesmo, acendendo uma pequena fagulha do bem, dissipar trevas, abrir novos caminhos, iluminar novos horizontes, entretanto, para a permanência por tempo indeterminado nos degraus mais dolorosos da existência, bastará a inércia.

sábado, 20 de agosto de 2011

Entrevista na Rádio Boa Nova

Este é o programa ROTEIRO, de 04/07/2011, da Rádio Boa Nova, de São Paulo.

No programa, eu falo de música espírita e utilização da música no movimento espírita, e toco várias canções minhas ao vivo.

O programa apresenta, também, algumas músicas do meu novo CD - Ninguém Está Só, ainda pouco conhecidas pelo público.
 
 
Um abraço a todos.

domingo, 22 de maio de 2011

Sem alarde

Texto de: Alexandre Paredes

A tempestade surge em meio à noite escura e densa, relâmpagos ameaçadores cortam o céu, o mar se agita, o vento forte varre o chão. Contudo, por mais assustadora que tenha sido a tempestade, aparecerá, mais tarde, despontando no horizonte, discretamente, o primeiro raio de Sol e com ele o frescor de uma nova manhã.

As águas do rio caudaloso seguem revoltas, chocam-se violentamente contra as rochas do caminho, arrastam consigo tudo o que está pela frente: folhas, galhos, pedras; parecem querer ultrapassar o limite das margens. Entretanto, visto de cima, o rio mantém o seu curso natural, imperturbavelmente, há milênios.

A humanidade, de tempos em tempos, atira-se deliberadamente às paixões avassaladoras, arrasta consigo o ódio, o crime e todo sentimento insano, parece querer ultrapassar os limites das leis da vida. No entanto, a Justiça Divina segue seu curso natural, infalivelmente, através das sucessivas reencarnações de aprendizado e lutas, trabalho e aflições, a fim de conduzir-nos ao progresso.

A revolta blasfema, vocifera, arma-se contra tudo e contra todos. Porém, mais cedo ou mais tarde, o chamamento do Alto virá, silenciosamente, no íntimo de cada um, em forma de dor oculta, a fim de renovar os caminhos e inocular nos corações novos valores, para uma vida mais bela e elevada.

As guerras que assolam a face da terra espalham o medo e o terror, a morte e a crueldade, destroem cidades e os gérmens da paz e da felicidade entre os homens, mas não conseguirão conter a flor tenra da esperança que desabrocha, sem ser notada, no terreno fértil dos corações oprimidos.

As trevas, de vez em quando, lançam-se contra a luz, numa tentativa desesperada de conter-lhe a ação benéfica de clarear os destinos da humanidade. Contudo, serenamente e sem temor, a luz continua, até hoje, despertando os homens para as grandes realidades da vida.

O orgulho e a vaidade criam monumentos de pedra, constroem muros de prepotência, que separam o mundo entre ricos e pobres, fortes e fracos, grandes e pequenos. Porém, todas as construções do mundo não resistirão à ação do tempo, que segue, inexoravelmente, transformando-as em pó e ruínas, e nivelando a todos, como irmãos, na eternidade.

O mal precisa de muito espalhafato para apoiar-se no vazio que o sustenta, usa da violência para sentir-se percebido, não tem consistência, pois que, no íntimo de cada consciência, todos querem a paz e a felicidade, a luz e a verdade. O bem é calmo, sereno, e por isso mesmo raramente o encontramos, procuramo-lo onde ele não está e o encontramos onde menos esperávamos achá-lo.

A ciência do mundo ostenta sabedoria e conhecimento, gaba-se de suas descobertas e de suas verdades transitórias, que são como pequenas estrelas cintilando na escuridão; ironiza a fé que brota límpida na alma humana. Entretanto, um dia, ao contato das experiências e das lutas terrestres, a verdade há de inundar o interior de cada um, como uma luz insofismável, revelando-nos, secretamente, uma nova ciência, ainda desconhecida: a ciência da vida.

Muitas vezes, procuramos, avidamente, a felicidade na agitação do mundo, no prazer efêmero e fugaz das coisas materiais, nos ruídos da alegria vazia, no brilho das vestes coloridas e das riquezas que não nos pertencem de fato. Contudo, um dia, quando cansados e frustrados, vazios ou amargurados, recolhidos no silêncio de nós mesmos, buscaremos a paz do bem e do amor, e, assim, a felicidade irá nos procurar, pelos canais da espiritualidade superior e entrará devagarinho em nossas vidas, sem fazer alarde.

sábado, 14 de maio de 2011

Aos pais

Texto de: Alexandre Paredes

Aos pais, sobre seus filhos:

1.    Mais importante do que o presente é sua presença.

2.   O que importa não é a quantidade de horas que você compartilha com eles, mas a qualidade delas.

3.   Você será seguido muito mais pelos seus exemplos do que pelas suas palavras.

4.   As palavras que você disser para ele num momento de insensatez irão marcá-lo muito mais do que algumas palmadas.

5.   Os estímulos positivos que você transmitir a eles valerão mais do que muitas atividades que você pagar para eles realizarem.

6.   Suas palavras serão lembradas muito mais pela carga emocional com que foram ditas, de raiva ou de carinho, de aprovação ou desaprovação, de desespero ou de confiança, do que pelo conteúdo delas.

7.   Quando ele disser “eu detesto você”, na verdade, ele quer dizer “eu preciso que você me ame mais” ou “eu preciso que você demonstre mais que me ama”.

8.   Não basta dizer que os ama, é preciso demonstrar seu amor por eles por meio de atitudes, educando-os.

9.   Quando dizemos “não” e ensinamos limites a eles, estamos demonstrando que os amamos, mais do que quando fechamos nossos olhos aos seus erros por fraqueza ou indiferença.

10. Quando ele fizer questão de contrariá-lo, pode ser que esteja querendo dizer: “olhe para mim, mostre que se importa comigo, diga-me até onde posso ir”.

11. Cercá-los de mimos e cuidados exagerados, a ponto de impedi-los de fazerem suas próprias escolhas ou de viverem suas próprias experiências, não compensará nossas faltas para com eles e os fará infelizes.

12. Impedi-los de crescer, por medo de que eles sofram ou que eles nos esqueçam, não permitindo que se afastem de nós, é egoísmo de nossa parte.

sábado, 7 de maio de 2011

Por que orar?

Texto de: Alexandre Paredes

Se Deus sabe tudo antes mesmo de pensarmos, e se Ele já sabe o que é melhor para nós antes mesmo de pedirmos em prece, por que orar?

O que é orar? É entrar em contato, sintonia com Deus. E Deus nos dá a liberdade para entrarmos em sintonia com ele ou não. Ele nos dá o livre arbítrio para fazermos segundo a nossa vontade e espera pacientemente que o busquemos e o amemos.

Ele não nos obriga a nada. Caso contrário, seríamos apenas robôs, peças passivas nas mãos do Criador, que faria tudo por nós antes mesmo que pensássemos ou desejássemos. Imagine um pai que ensinasse aos filhos a respeito de dúvidas para as quais eles nem tenham despertado, um professor que solucionasse problemas antes mesmo que o aluno os tenha enfrentado. Não haveria proveito.

Por este motivo, Jesus disse “pedi e obtereis”, “batei à porta e ela se vos abrirá”, “buscai e achareis”. Senão, receberíamos sem pedir, acharíamos sem buscar, chegaríamos ao cume sem o esforço íntimo de elevação. E esse esforço tem de ser de oração aliada à ação e de ação inspirada pela fé. A fé é o farol; a ação é o barco em movimento, e só conseguimos achar a rota certa no meio da escuridão e das tempestades da vida se mantivermos a fé acesa.

Deus sabe o que é melhor para nós – praticarmos a sua lei de amor e justiça –, mas, na sua infinita sabedoria, não fará por nós a parte que nos cabe. Entretanto, ele coloca à nossa disposição os meios e as oportunidades para encontrarmos, por nossos próprios esforços e méritos, o caminho que nos levará à sua paz.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A chave do coração

Poesia de: Alexandre Paredes




Para encontrar o caminho da felicidade

É preciso abrir a porta do coração

Acender a luz da caridade
E encontrar a chave do perdão

No coração encontram-se latentes

As sementes do amor e da verdade
E a força interior vivente
Capaz de salvar a humanidade

Se permitirmos em nossa vida
Acumular o entulho da mágoa
Será então como artéria entupida
Impedindo fluir a alegria em nossa alma

Perdoar é esquecer a mágoa
Mas sem esquecer quem nos magoou
Não é aprovar a ofensa ou fingir que não foi nada
Mas amar e entender o ofensor

Para ser livre de toda dor em seu peito
Ame a vida, ame o outro, ame o mundo
Ame muito, lá do fundo
O homem, apesar de tudo, ainda tem jeito

Busque em você a sua luz interior
Ela é um farol a ser ligado a qualquer momento
Mas que tem um pequeno interruptor
Que não pode ser acionado de fora para dentro

Só você pode achar o caminho onde vai dar
Os seus sonhos mais queridos
Mas não viva só do seu próprio bem-estar
Enquanto o mundo traz consigo toda a dor dos excluídos

Estenda a sua mão a quem lhe pede pão
Escute a voz de quem tem tanto a falar
Quem faz do outro seu irmão
Não encontra a solidão e faz do mundo o seu próprio lar

Não deixe que a tristeza lhe torne alguém triste
Nem mesmo que a amargura em amargo lhe transforme
Por trás de toda dor que às vezes tanto insiste
Existe uma lição pra que sua alma se reforme

Quem encontra em seu íntimo o consolo da fé
Sossega a vida, acalma a ferida que está doendo
Busca a chama do bem e enfrenta tudo o que vier
Acende o fogo da esperança e o mal foge correndo

Todo bem que sai de nós é uma estrela a luzir
Que povoa o nosso céu em nosso barco a navegar
E nos mostra o caminho quando o mal nos faz cair
E quando cai a tempestade em meio ao alto mar

Quem ama de verdade não tem medo do amanhã
Não teme sua sorte, nem a morte com seu véu
Tem certeza que, no além, a vida resplandece em nova manhã
E faz do próprio coração o seu próprio céu


Face oculta

Texto de: Alexandre Paredes

Queria te levar no colo, tirar os espinhos, remover as pedras do teu caminho, mas, às vezes caio em buracos e preciso de ajuda.

Queria ser forte e valente, proteger-te dos perigos que a vida traz, mas, às vezes, sou fraco e preciso de alguém que me dê forças para continuar a luta.

Queria ser bálsamo, aliviar tuas dores, transformar os espinhos em flores, mas, às vezes, a fadiga me ataca e preciso de alguém que me dê forças para continuar a labuta.

Queria ser farol, iluminar o teu caminho, mostrar teu destino, mas, às vezes, sou apenas um vaga-lume, uma luz que acende e apaga, como estrela diminuta.

Queria ser melodia, embalar-te na alegria, descansar teus ouvidos, mas, às vezes, sou ruído, sons sem sentido, uma voz que não se escuta.

Queria nunca te magoar, estar sempre sorrindo, fazer-te sonhar, mas, às vezes, sou chuva fina, dor aguda, aflição gratuita.

Queria ser a Lua, lembrar-te a luz do Sol nos momentos de aflição, mas, às vezes, lembro a escuridão e mostro a minha face oculta.
 

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Última Hora e Ele

Este vídeo é de uma apresentação que fiz no ENCONTRO-ME 2010 (Encontro de Mocidades Espíritas do Distrito Federal), que reúne a garotada do DF

A primeira música é Última Hora e a segunda, Ele (mais uma vez), ambas de minha autoria


Seguem as letras:

ÚLTIMA HORA
Letra e Música: Alexandre Paredes

Por sobre o sangue dos mártires
Erguemos templos, vaidades, fogueiras
Santificamos os sábados
E esquecemos de você em nossas feiras

Mas como o filho pródigo que um dia volta
Retornamos como náufragos de nossa história
E o mesmo homem que um dia fez a guerra
Hoje vem semear a paz na nova terra

Vejo línguas de fogo sobre nossas cabeças
São as vozes de uma multidão de estrelas

Matamos os povos bárbaros
Para mostrar como somos civilizados
Criamos cultos e símbolos
Pra poder esquecer a voz do crucificado

Mas como o filho pródigo que um dia volta
Retornamos como náufragos de nossa história
E o mesmo homem que um dia fez a guerra
Hoje vem semear a paz na nova terra


Vejo línguas de fogo sobre nossas cabeças
São as vozes de uma multidão de estrelas
Vejo línguas de fogo sobre nossas cabeças
É a voz do Consolador a nos iluminar
É a voz da Verdade sobre nossas cabeças
Para a última hora vem nos convidar


A letra da música Ele está em outra postagem

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O amor

Texto de: Alexandre Paredes

O amor não precisa de palavras, porque é simples
Ninguém sabe explicar, mas todos entendem, quando sentem
O amor se expressa no toque, na carícia, no gesto... no jeito
No sorriso ameno dos momentos difíceis... no beijo
No silêncio de compreensão que espera a raiva passar
No abraço, no aconchego, do peito, das pernas
Do coração que palpita, que acelera
No dar e receber
No dar... corpo e alma
No vazio da ausência, da falta que faz
No medo de perder
Na insegurança de não ser mais
Na presença amiga, no carinho, no afeto,
Na paz.

domingo, 27 de março de 2011

Sei que queres voar

Trecho do show que fiz com o Eduardo Braga na Florida em 2008.

A música foi premiada pelo Festival de Música da FENABB 2003.

Fez parte do CD Brasil de Todos os Cantos, que teve a participação de compositores e intérpretes de todo o País, tendo, inclusive a participação de Fagner e Zeca Balero.


Letra e Música: Alexandre Paredes

Meu pequeno amigo que bom te ver
O que será que há por trás desses olhos tristes?
Pena bege, amarelo e marrom
Esse canto é o mais belo dom que existe

Nessa gaiola tão enfeitada
Sei que queres voar
E quando esse dia chegar
Quero ir também

Meu pequeno amigo que bom te ver
Hoje eu quero estar mais perto de você
No seu lugar
A liberdade é tão fácil de se ver
Mas quando me pergunto não sei dizer
Onde ela está

Nessa gaiola de seda e ouro
Ou no pensamento que alça vôo?
Só sei que quero voar também

sábado, 19 de março de 2011

A força e a coragem

Texto de: Alexandre Paredes


A violência não é uma demonstração de força, mas de fraqueza. A atitude de cólera ou brutalidade demonstra desespero ante as lutas da vida e falta de confiança em si mesmo. O homem violento procura suprir, por meio da violência, a força que lhe falta. Aquele que confia na sua força interior é sempre calmo, pois tem convicção de que alcançará o objetivo visado.

Quem usa de arrogância, deixa patente que não possui autoridade verdadeira, nem a liderança natural dos verdadeiros líderes. Precisa impor-se por meio de uma falsa grandeza, que apenas irrita, afasta, desagrega.

Chorar não é sinônimo de fraqueza; significa apenas que somos seres humanos, que sentimos. Muitas vezes, há mais coragem em mostrar os próprios sentimentos, ou as “fraquezas”, do que em escondê-las de nós mesmos. Aquele que apenas as esconde, parece forte, mas sucumbe diante das menores tempestades da vida.

O homem humilde é forte. Mesmo ofendido, não se ofende, mesmo humilhado, não se sente como tal; está sempre sereno; não sofre com o que não tem, nem pelo que o outro tem. É inabalável, enquanto o orgulhoso é facilmente ferido.

Aquele que se fere com facilidade demonstra não conhecer a si mesmo ou dá razão àquele que ofende. Quem se conhece profundamente não se abala com ofensas, nem se regozija com elogios, pois tanto um quanto outro não alteram, em essência, o que somos de fato.

Quem perdoa liberta-se de um espinho cravado no peito. E quem é livre tem mais força para viver do que o escravo de seus próprios ressentimentos.

Há mais coragem em ser ofendido e não ofender, em calar-se quando alguém que perdeu o governo sobre si mesmo fala tolices sobre nós, do que em retribuir insulto por insulto, tolice por tolice.

A coragem, às vezes, é saber sorrir quando o mundo parece desabar. Às vezes, é saber demonstrar que sente, que chora e também erra.

A verdadeira coragem não é a daquele que nada teme, mas, sim, a daquele que enfrenta os próprios medos, pois quem nada teme não precisa de coragem alguma.

A rocha é o símbolo da força, mas a água que, no transcorrer dos milênios, perfura e molda a rocha, é o símbolo da coragem e da perseverança. Quem é mais forte? A planta flexível e humilde, rasteira, que se curva perante o temporal devastador ou o tronco rígido da árvore soberba, imponente e solitária, que se parte diante das tempestades da vida?

Há mais coragem quando se enfrenta a si mesmo do que quando enfrentamos o mundo. Aquele que luta contra o outro, está fugindo de si próprio, de sua luta interior. Mas, quando vencemos a nós mesmos, nosso orgulho e egoísmo milenares, cessam nossas lutas contra nosso próximo.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Laços

Texto de: Alexandre Paredes

Estou preso a ti assim como as abelhas estão presas às flores.
Estou preso a ti assim com o pintor está preso ao pincel; como toda beleza está presa às cores, e, como toda cor, submissa ao azul do céu.

Estou preso a ti por laços muito fortes, talvez, os mais fortes...

Não se parecem com correntes, pois são leves como o vento e sutis como o pensamento.

Porém, são fortes como o aço, talvez, mais fortes...

Ninguém pode destruí-los, derretê-los, rompê-los, quebrá-los ou modificá-los, pois não têm forma.

Estou preso a ti por laços muito grandes, porém, não têm tamanho nem espessura.

Estou preso a ti por laços que não perecem nem envelhecem, mas, sim, se renovam.

Tão fortes são... e por que não dizer eternos?

Estou preso a ti por laços que não escravizam nem acorrentam, mas sim, libertam.
Libertam do medo de viver, do medo de ser eu mesmo... do medo de ser livre.

Você então me dirá que esses laços estão na imaginação. E por que não dizer em nosso coração?

Esses laços foram criados pelo mais puro sentimento, e que o tempo jamais irá apagar.
Esses laços estarão onde você estiver e irão aonde você for, pois esses laços foram criados pelo que há de mais belo nesta vida: estes são os laços de amor.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Crença

Texto de: Alexandre Paredes

Não te inquietes em convencer o companheiro a seguir tua crença. Demonstrarás, de fato, tua crença quando procurares exemplificar aquilo que crês.

Como poderás demonstrar a existência de um Deus Pai, de infinita bondade e justiça, se não ages como irmão do teu irmão? se te revoltas ante os seus desígnios? Como pensas em ensinar a realidade da vida futura apegando-se às coisas da vida material? Como queres divulgar as tuas verdades se ainda não as colocastes em teu coração?

Certamente que não devemos, por isso, buscar a estagnação do bem, cruzando nossos braços perante a tarefa de iluminação, consolação e esclarecimento, mas como exigir a transformação moral do outro sem realizarmos a nossa própria transformação moral?

A história da humanidade está repleta de exemplos de guerras, assassinatos e torturas em nome da religião. Em nosso passado obscuro, e ainda hoje, temos misturado a mensagem cristalina da fé ao terreno lamacento das vaidades, da prepotência, do sectarismo.

Será por uma falha das religiões? Não. É porque o homem tem moldado a religião segundo seus interesses, em vez de moldar a si mesmo segundo os preceitos ensinados. É porque temos relegado sempre para segundo plano a tarefa de nos reformar interiormente. Preferimos reformar primeiro o nosso companheiro, a comunidade, a sociedade, o país, o mundo.

Queremos, cada vez mais, aumentar o número de adeptos de nossa crença particular, acreditando que, assim, a paz se estabelecerá na face da Terra. Enquanto não nos reformarmos, encontraremos em nosso grupamento religioso um grande número de adeptos, simpatizantes, pensadores notáveis, oradores eloqüentes, hábeis escritores, trabalhadores de valor e pseudo-sábios, mas não de pessoas de bem.

De que adiantará as igrejas estarem cada vez mais cheias se os corações permanecerem vazios? se não diminuir a orfandade, a prostituição, a miséria, a corrupção? se as famílias continuarem se desfazendo no egoísmo, na incompreensão e na intolerância? se não houver em nosso coração espaço para o perdão e para o amor?

O dia em que o homem tomar por regra de conduta o “fazer aos outros o que gostaria que os outros lhe fizessem”, as igrejas serão transferidas dos templos de pedra para o templo interno do coração; o homem não mais procurará Deus em imagens de madeira, objetos ou símbolos, pois encontrará o Criador no santuário da própria alma, despertando em si uma face até então adormecida: a sua face divina.

domingo, 6 de março de 2011

Aviso do tempo

Música de: Alexandre Paredes, Eduardo Braga, Vilma Bittencourt e Mônica Campetti
Letra: Mensagem de Emmanuel / Chico Xavier
Arranjo Vocal: Eduardo Braga




Este é o vídeo de um show do Quarteto Intuição, do qual faço parte, realizado em 2005.
Essa música - Aviso do Tempo - foi feita pelo grupo em forma de oficina.

Da esquerda para a direita: Vilma Bittencourt, eu (Alexandre Paredes), Eduardo Braga e Débora Lícia.




Aviso do Tempo
Mensagem de Emmanuel, psicografada por Chico Xavier

O tempo endereça às criaturas
O seguinte aviso em cada alvorecer:
"Certamente, Deus de concederá
outros dias, outras oportunidades de trabalho.
Mas faze agora todo o bem que puderes
porque dia igual ao de hoje só terás uma vez".

sábado, 5 de março de 2011

Lei de amor

Texto e Animação: Alexandre Paredes


Este é um texto em pps que fiz em 1999, que, na época, teve boa repercussão na Internet. Minha amiga Elda Evelina gentilmente tranformou-o em vídeo para mim. Obrigado, Elda! Um abraço.



Quando o amor ainda está mesclado
Com os impulsos do instinto e do desejo,
Nós o encontramos sob o nome de PAIXÃO.

Quando o amor traduz afinidade,
Carinho e respeito mútuo,
Nós o chamamos de AMIZADE.

Quando o amor resvalar pelos caminhos
áridos do ciúmes e da posse,
ele aprisiona, e é quando encontramos o APEGO.

Quando o amor liberta,
Nós o chamamos de RENÚNCIA.

Quando o amor ainda está fechado em si mesmo,
Como semente escura e enclausurada,
Nós o chamamos de EGOÍSMO.

Quando o amor se expande como um SOL ardente,
Em benefício do semelhante, torna-se divino,
E o chamamos de CARIDADE.

O ÓDIO é apenas a
Ausência do amor, assim
Como a sombra é a ausência
de luz, ou então...
... é o amor traído e, por
isso mesmo, tempestuoso.

O amor é como o sol...
... está por toda a parte.
A diferença está na maneira como o refletimos

O amor é a força que une os mundos ...
até mesmo, mundos tão diferentes,
como eu e você...
... está presente nos pequenos seres...
... e até nos recantos mais escondidos do coração.

Quando nos afastamos desse AMOR,
Sentimos o frio e a infelicidade na alma

Essa é a LEI da vida...
Estamos imersos nesse AMOR.
Vivemos dele...
E é para ele o destino de todos nós.

AMAI-VOS,
Vós sois amor!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Aproveita a vida

Texto de: Alexandre Paredes



O momento é de alegria?
Procura estendê-la àqueles que te cercam, secando lágrimas ou fazendo alguém mais feliz.
Aproveita a oportunidade para edificar a tua própria felicidade sobre bases sólidas.

O momento é de aflição?
Aproveita a oportunidade para fortalecer a tua fé no Criador da Vida, que tudo criou com fins elevados.
Se atravessares esse momento com resignação, trabalhando e servindo, sairás mais fortalecido.

Alguém te traiu a confiança?
Não percas a chance que a vida te dá e perdoa incondicionalmente.
Aquele que hoje perdoa liberta-se de pesadas dívidas contraídas perante a própria consciência.

Estás doente?
Aproveita o momento para cultivar o dom da paciência e para entender melhor o valor da saúde.
Diante da escravidão do corpo, poderás compreender melhor a única liberdade real: a da alma.

Tens saúde?
Então não deixes de buscar a harmonia, o máximo que puderes, em teus gestos, palavras, atos e pensamentos.
Saúde é harmonia perante a vida e não existe harmonia sem amor, assim como não há amor sem serviço ao próximo.

Alguém te insultou?
Aproveita a oportunidade para, desta vez, não revidar, no desastroso embate do mal contra o mal.
Aquele que já consegue reagir pacificamente demonstra ter atingido a maior de todas as conquistas: a vitória sobre si mesmo.

Erraste?
Aproveita o momento e, desta vez, não te percas em lamentações ou justificativas.
Procura ir mais longe. Vai às origens do mal, atendendo ao chamado do “conhece a ti mesmo”, para que possas corrigir-te com sabedoria. Quem se lamenta ou se justifica fica apenas na superfície de si mesmo e perde a oportunidade de aprender com os próprios tropeços.

Riqueza ou pobreza, poder ou subordinação, sucesso ou fracasso, são apenas experiências transitórias que cursamos na escola da vida, preparando-nos para uma vida maior.

As situações que vivemos nunca são ruins. Boa ou ruim é a maneira como agimos ou reagimos diante das situações.

Amanhã ou hoje mesmo, quando teus olhos se fecharem e tua voz não mais puder falar, tuas obras falarão por ti e te situarão nas moradas onde é permanente a paz, a felicidade, a harmonia... se, realmente, tiveres aproveitado a vida.