sexta-feira, 18 de março de 2022

Guerra

Poema de: Alexandre Paredes


 






Triste noite que se abate sobre a Terra

Mísseis, corpos, gemidos, explosões

Fogo, ódios, sirenes, gritos, multidões

Silêncio, morte, luto, lutas sem razões

Fuga, abandono, abusos... eis a guerra!

 

Nela a barbárie encontra a sua vitória

O que nos diferencia da selvageria

É tão somente o poder da tecnologia

Que constrói armas de dor e agonia

Paus, pedras, flechas, ogivas... escória

 

Pouco importa quem vence no final

Passam regimes, impérios, bandeiras

Poderes, Estados, poderosos, fronteiras

Honrarias, medalhas com mil estrelas

Todos perdem... Quem vence é o mal

 

Enquanto houver homens pequenos

Haverá menos escolas e mais muros

Haverá mais tiros que tiram futuros

Livros de história sombrios e escuros

Até que, um dia, o passado deixemos

 

Do horror nascerá o horror à guerra

Cicatriz profunda deixada em nós

Os povos, então, cantarão numa só voz

Não mais a glória do embate feroz

Mas a lição de paz que a dor encerra

 

Será a memória do sangue derramado

A lembrança de uma era de iniquidade

Que conduzirá toda a nossa sociedade

Ao caminho da mais pura verdade

A de que estamos todos do mesmo lado

 

Pois partilhamos da mesma humanidade

Sejamos ocidentais, russos, ucranianos

Árabes, indígenas, africanos, americanos

Somos todos, afinal, apenas seres humanos

Que buscam alegria, bem-estar, felicidade

 

Às vezes, é preciso o mal chegar ao seu cume

Para que o homem, um dia, do mal cansado

Busque, com vigor, o bem a que está destinado

A guerra, então, parece o remédio amargo

Para que em nosso coração se faça lume


Porque a guerra se faz presente no dia a dia

Nos pequenos conflitos da nossa convivência

Que tem no egoísmo que entorpece a consciência

A fonte de todos os males de nossa existência

Não haverá paz duradoura sem o amor como guia

 

O amor ao semelhante não é só ensinamento vão

É o remédio real para os males de nossas vidas

Para que não nos percamos em novas utopias

E não mais nos deixemos levar por teorias vazias

Aprendendo, de fato, a estender a nossa mão

 

A realidade é muito simples e ela nunca se vai

Caminhamos todos para o sepulcro no final

Para emergimos na vida do espírito imortal

Não importa raça, religião, nação... Afinal

Todos somos mesmo filhos do mesmo Pai