sábado, 7 de abril de 2018

Felicidade

Poema de: Alexandre Paredes




Num momento, ela nos vem; no outro, o vazio
Num minuto a gente a tem; no outro, ela fugiu
E sem perceber, quando a gente menos vê, ela ruiu
A gente a persegue e, quando chega, não está lá
Pois a confunde com sucesso, prazer ou bem estar
Então padece como ter sede em frente ao mar

Há os que a procuram no dinheiro ou no poder
E acreditam que ela é fruto do ter ou parecer
Em vez do ser ou de nosso jeito de viver
Mas a nossa vida, a cada fase, se encarrega
De nos mostrar que essa é busca míope ou cega
Só uma miragem a que o homem se entrega

Todo mundo a quer, mesmo sem querer
Todos a procuram, mesmo sem saber
Ela nos escapa à razão, mas é a razão de viver
Felicidade é uma ideia que persiste
Mesmo quando à nossa volta tudo é triste
Mesmo havendo quem diga que ela não existe

Intuitivamente, cada um, dentro de si, a pressente
É lembrança do nosso futuro, ainda presente
Que nos impele a caminhar sempre para frente
Ela é o fogo de onde nasce toda esperança
É o que nos impulsiona a renascer como criança
Seja neste mundo de prova ou em outra estância

A felicidade pura neste mundo, sem mescla
Ainda não a vemos, pela natureza da nossa Terra
Pela natureza dos que ainda habitam a nossa esfera
Mas ela é possível, sim, quando não a buscamos fora
E não nos esquecemos do bem para viver só o agora
E não ficamos indiferentes à aflição desse mundo afora

Ela é semente plantada dentro de cada um de nós
Cabendo a cada um desenvolvê-la, ouvindo a voz
Que nos convida a ir ao encontro dos que estão sós
Dos que não têm amparo ou jazem num leito de dor
Que nos chama a acender a chama do verdadeiro amor
Pois ela sempre o acompanha seja aonde você for

Não é preciso alcançar, um dia, as belezas do Paraíso
Nem esperar, após a morte do corpo, o dia do Juízo
A felicidade chega a nós, aos poucos, meio sem aviso
Ao aprendemos a viver conforme os ensinos de Jesus
Quando descobrimos a Boa Nova em toda a sua luz
Mesmo carregando em nós o peso de nossa cruz