Vivemos, no momento, num
mundo de estereótipos, de polarização de ideias e posicionamentos, de extremos
e de extremistas: direita, esquerda; capitalista, socialista; conservador, liberal; antiquado, moderno; acomodado,
ativista; preconceituoso, racista, homofóbico, e defensor dos direitos humanos; defensor da família e
dos “bons costumes”, avesso a tradições; machista, feminista.
Mas somos muito mais do
que isso. Não somos estereótipos.
O ser humano é um ser
complexo, que não pode ser definido em uma ou duas palavras.
E entre um extremo e
outro, há sempre o bom senso.
Se alguém me disser,
“Você é um conservador?” ou “de direita?”, “de esquerda?”, “um coxinha?”,
“moderno?”, “pós moderno?”, eu diria: “Defina isso que você está me
perguntando. Aí eu posso lhe responder”.
Por exemplo, se alguém me
disser que matar um ser humano é moderno, então eu não sou mesmo, embora eu
creia que matar nunca será moderno. Por isso, o aborto e a pena de morte nunca
serão modernos, nem o resultado de um avanço da sociedade, mas o de sua
degradação.
Porém, se me perguntarem
se sou a favor do casamento gay, eu diria “Por que não?”. Que mal podem fazer
duas pessoas que se amam? Aliás, há muito desamor em uniões hétero, casamentos
por interesse ou baseados só na beleza física. Então o problema da família não
está em se o casal é hétero ou gay, mas se há amor ou não dentro de quatro
paredes.
Vejo atualmente, por
exemplo, muito preconceito contra mulheres que resolvem ser donas de casa, mães
em tempo integral, por opção. Se, no passado, esse era o estereótipo de uma
mulher exemplar, hoje é motivo de deboche. São dondocas ou submissas, dizem.
Mais estereótipos... Por que não damos a elas a opção de serem o que querem
ser? De buscarem seu sonho? Conheço grandes mulheres que foram donas de casa e
não se enquadram nem um pouco nesses estereótipos.
Então, é necessário
abrirmos nossa cabeça. De tanto querermos ser originais em nosso modo de
pensar, acabamos sendo tão preconceituosos contra as pessoas que pensam de modo
diverso do nosso, que nos tornamos tão preconceituosos como aqueles a quem
temos pelo estereótipo de “preconceituosos”.
Sabe mesmo o que é ser moderno? Sabe mesmo o que é novo, velho, e que nunca sai
e moda? É ser gentil, educado, mesmo não encontrando o mesmo nos outros. É ser
contra a injustiça, sem ser injusto, nem cometer injustiça em nome da justiça. É lutar contra a violência e não ser
violento. É lutar contra o preconceito, sem ser preconceituoso; contra a
intolerância, sem ser intolerante.
É ser você mesmo. É pensar diferente e não ter medo do estereótipo. É pensar
igual a muita gente e também não ter medo de mostrar o que pensa, pois, afinal,
a originalidade está, na verdade, no que se faz... e não no que se prega.