Poema de: Alexandre Paredes
Tempo de extremos e de extremistas
Ninguém escuta, todo mundo grita
Todo mundo
fala, todo mundo opina
Uns apontam
para a esquerda a solução
Outros
acenam para a direita, em vão
Se não
aprendermos a olhar para cima
Toda
doutrina, teoria, partido ou igreja
Toda
ideologia, por mais bela que seja
Fracassa
diante do interesse pessoal
Sucumbe
diante do egoísmo, do mal
Que existe
dentro de cada ser humano
E só
combatê-lo fora é grande engano
Belo
ornamento é a palavra sem ação
O querer
ensinar sem aprender a lição
Quem prega
respeito desrespeitando
Quem combate
a violência violentando
Brada,
briga, despende energia a esmo
Pois é só
mais uma variação do mesmo
É só a
renovação da velha hipocrisia
Que veste os
homens na mesma fantasia
De defender
a ética feita para os outros
E fazer
valer justiça somente para poucos
Tornando-os
cegos perante os seus erros
E
indiferentes ao mundo e seus desterros
Vivemos num
tempo de muitos direitos
Escritos em
códigos e leis, em várias línguas
Mas que não
são suficientes para dar jeito
Nas tantas
mesas que se encontram vazias
Não dão
conta de aplacar o vazio e a dor
Gerados pelo
desespero e a fome de amor
Nada se
consegue vencendo discussão
Prosperidade
é fruto do trabalho e união
De todo um
povo em torno do bem comum
A vitória não
vem somente das mãos de um
Mas das mãos
que se dão em torno da gente
Aprendendo a
conviver com que vê diferente
Se queres
convencer alguém, exemplifica
Se procuras
um mundo melhor, edifica
Perante a
injustiça e o mal, não te cales
Diante da
luta da vida social, não te afastes
Mas, perante
o intolerante, tolera, silencia
Se queres o
bem ao teu redor, vivencia