Texto: Alexandre Paredes
Se você
quer mudar, comece sendo você mesmo. Não esse você que você pensa conhecer, mas esse você que ainda precisa ser descoberto.
A maior aventura de nossas vidas
ainda é o autodescobrimento.
Nosso maior desafio é
aceitarmo-nos e amarmo-nos tal qual somos.
Vivemos à procura do que
deveríamos ser, ou do que esperam de nós, e acabamos nos perdendo de nós
mesmos.
Acabamos acreditando na fantasia
que criamos sobre nós mesmos, na máscara que usamos para disfarçar nossas
inseguranças e injunções interiores, e a idolatramos. Somos, para o mundo,
ainda, a propaganda do que gostaríamos de ser, mas que ainda não somos de fato.
No entanto, um dia a máscara cai
e a verdade aparece, e, quando não estamos preparados para ela, fugimos em
busca de novas ilusões.
A moda dita para nós como devemos
nos vestir, e o mercado, o que devemos ter, mas não precisamos de tantas roupas, nem de tantos sapatos, nem de automóveis
tão caros, nem de casas luxuosas.
Criamos necessidades que não
temos, para parecer o que não somos, para mostrar uma felicidade que não
possuímos ainda, pois, quando o móvel de nossas ações é o mundo das aparências
ou o que os outros vão pensar, nos distanciamos da única felicidade real: aquela
que vem de dentro.
Estamos sempre perseguindo um
padrão de beleza irreal, de pessoas que aparecem em capas de revista. No
entanto, essas mesmas pessoas que são modelos para nós, de modo geral, impõem a
si mesmas e à sua vida sérias restrições, para exalar ao mundo o perfume da
ilusão de uma plenitude e realização que beiram o vazio. Afinal, após a beleza
passar, o que resta?
Buscamos nos mirar naqueles que
são nossos modelos de sucesso, mas desconhecemos suas angústias interiores e o
preço que pagaram para estarem onde estão. Nem sempre o sucesso perante o mundo
é o sucesso perante nós mesmos.
Construímos a idéia de que o
sucesso é alcançar o topo, uma posição de destaque no meio social. Isto
significaria que somente alguns poucos executivos de empresa, pessoas bem
sucedidas nos negócios, no meio científico ou religioso, pessoas belas ou
endinheiradas, famosas ou de grande talento seriam as bem sucedidas, enquanto
todo o resto vive uma corrida ansiosa rumo àquele topo que nunca chega, e
quando chega, não traz a felicidade almejada.
Por isso, a extrema angústia em
que vivemos mergulhados no mundo de hoje: vivemos à cata de miragens, buscamos
o inalcançável e quando chegamos lá, nem sempre encontramos o que buscávamos.
A verdade é que tudo isso é reflexo do mundo que
criamos, mundo ditado pelo mercado, mundo da competição, onde o sucesso e a felicidade
são reservados aos melhores, a poucos infelizes invejados, mundo da
coisificação de valores (tais como a amizade transformada em presentes, o da
felicidade transformada em bens de consumo, o da boa educação transformada em
boas escolas e boas condições financeiras), mundo da valorização e da precificação
das coisas, enquanto os valores reais, verdadeiros, ficam para depois.
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