quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Contradições de nosso tempo

Texto de: Alexandre Paredes


Hoje temos muitas informações disponíveis, e qualquer informação está ao alcance de um clique, mas falta-nos tempo e paciência para ler e refletir, porque a velocidade de nossas vidas comporta somente uma leitura rápida e uma visão superficial das coisas.

A tecnologia possibilitou estarmos conectados com o mundo inteiro em tempo real, mas, de tão concentrados em nossos smartfones, tablets e notebooks, às vezes, nos esquecemos de nos conectar com quem está ao nosso lado.

Dispomos de redes sociais nas quais compartilhamos fotos, imagens, vídeos, palavras de sabedoria e coisas divertidas com nossos amigos virtuais, mas temos dificuldade de compartilhar o nosso tempo com nossos amigos presentes fisicamente na forma de uma boa conversa.

Já pisamos a Lua e planejamos fazer uma viagem tripulada, e sem volta, a Marte; enquanto isso, nosso planeta está sendo destruído, com o lixo que produzimos, o desmatamento de florestas, a emissão de gases na atmosfera que provocam o aquecimento global, a poluição de rios e mares, causando a extinção de inúmeras espécies.

A ciência e a tecnologia trazem, cada vez mais, conforto e comodidades à nossa civilização, mas, também, maior sofisticação nas formas de destruição, com armas tão poderosas que ameaçam todas as formas de vida no planeta.

Nunca estivemos tão globalizados; nunca os problemas do nosso mundo nos afetaram tanto como agora e nunca se percebeu tanto como hoje que os problemas de nosso quintal afetam tanto o nosso mundo, porém, na mesma medida, crescem o individualismo e o distanciamento da vida em comunidade.

As notícias pela TV geralmente nos abalam, mas, de modo geral, permanecemos indiferentes àqueles que estão ao nosso lado passando por verdadeiras calamidades em suas vidas particulares.

Vivemos uma época de supervalorização do novo e desprezo pelo velho, porém, mais rápido do que nunca, o novo fica velho, obsoleto, descartável, o que se reflete em nossos relacionamentos, ideias e modismos, que se tornam descartáveis assim como os produtos que compramos nas lojas.

A liberdade é o valor maior das sociedades democráticas, mas vivemos presos e oprimidos de outra forma: oprimidos pelo medo de ataques terroristas, presos atrás das grades de condomínios de luxo, por medo da violência urbana, que cresce na mesma proporção em que cresce o número dos excluídos da sociedade, que são cativos de suas misérias e de suas necessidades da vida material.

Inventamos o automóvel, que permite nossa locomoção rápida por grandes distâncias, mas nossas ruas estão tão cheias de carros, geralmente quase vazios, que não conseguimos nos locomover, em grandes congestionamentos,

O nosso mundo é movido pelo mercado e, cada vez mais, o mercado cria coisas maravilhosas que, geralmente, atendem às necessidades do mercado; nem sempre às necessidades reais dos seres humanos.

A medicina, com suas novas tecnologias e conhecimentos a serviço da saúde, cura doenças, mas nossa sociedade, como nunca, cria seres humanos doentes, sedentários, neuróticos e reféns das grandes indústrias de alimentos, de bebidas, de medicamentos e de produtos hospitalares, que nem sempre têm nossa saúde como prioridade, mas o lucro.

O culto ao corpo perfeito é uma obsessão da nossa era, o que nem sempre significa mais saúde ou bem estar, mas, por vezes, a coisificação do ser humano, que a tudo transformou em produto, inclusive seu próprio corpo, passível de ser exibido, exposto como numa vitrine, consumível, descartável, que desloca o foco da nossa vida da essência para a aparência.

A sociedade do consumo cria o mito da felicidade com base no “ter” – dinheiro, bens, status, beleza, sucesso – e no “parecer” – ser bem sucedido, realizado, de corpo em forma –, enquanto o verdadeiro “ser” ainda não encontra real satisfação, e como não a encontra, procura preencher o vazio em novas buscas pelo “ter” e pelo “parecer”.

Numa época em que predominam o materialismo e o ceticismo, as religiões crescem como nunca, porém muitas delas se desenvolvem segundo a lógica de mercado e segundo a lógica da busca por poder e dinheiro de seus líderes, mediante a promessa de satisfação dos desejos imediatistas de seus seguidores.

Apesar de tantas coisas que nos fazem descrer da humanidade, a fé permanece intacta, ou melhor, mais viva do que nunca, e até a própria ciência vem ao encontro da fé e da espiritualidade, demonstrando o quanto estas interferem na nossa saúde e determinam nossas vidas.

Em meio a um período histórico de grandes contradições e ambivalências, cabe-nos discernir, refletir, separar o joio do trigo, desconfiar de verdades absolutas e prontas, de visões de mundo unânimes ou hegemônicas. É preciso resgatar o que há de melhor no ser humano: sua humanidade, sua capacidade de ser melhor do que já foi, de escolher ser o que quer ser, de sonhar e alcançar o sonho, de reciclar o velho e recriar o novo.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Ser Humilde

Texto de: Alexandre Paredes


Ser humilde não é ser menos, para ser mais; é ser simplesmente o que é, sem ilusões nem subterfúgios.
Também não é fingir ser o que não é; é não fingir ser o que não é.
É perceber-se pequeno e não se sentir diminuído por isso; pelo contrário, é sentir-se feliz diante da grandiosidade de tudo o que está ao nosso redor.
Reconhecer o que precisa ser mudado em si mesmo, e não se sentir mal ou infeliz diante das próprias imperfeições.
É não se comparar a ninguém, pois que cada um é único, cada um tem seu caminho, sua beleza, seu tempo e seu aprendizado neste mundo.
É auto-aceitação e aceitação das qualidades e vitórias do outro.
É saber dizer que não sabe, quando não sabe, e aprender que precisa sempre aprender alguma coisa, mas não esconder a própria luz a pretexto de modéstia.
Não se magoar com ofensas nem se regozijar com elogios.
Ser essência e não aparência.
Não almejar grandeza, mas tão somente a grandeza de ser um pouco melhor a cada dia.
Ser humilde, enfim, é jamais se reconhecer como tal.

domingo, 27 de agosto de 2017

Caminhos

Poema de: Alexandre Paredes



Aos que vivem na inércia ou no ócio
O aprendizado é encontrar a alegria do trabalho
Aos que não impõem limites aos seus esforços
A lição talvez seja respeitar o corpo e o horário

Quem vive a reclamar de tudo e de todos
Precisa despertar para a terapia da gratidão
Quem se acomoda e enterra o sonho aos poucos
Precisa mobilizar as forças da coragem e da ação

Para o forte, que crê poder tudo enfrentar
Talvez precise perceber sua própria fraqueza
Para aqueles que vivem a lamentar e a chorar
O momento pede o exercício da própria firmeza

Para um, o aprendizado será o de conter o ímpeto
Para outro, a lição é se soltar e ser menos contido
Enquanto alguém precisa olhar mais o seu íntimo
O outro precisa olhar para fora e ser o ombro amigo

Se, para uns, o caminho é viver com mais alegria
Outros precisam encarar a vida com mais seriedade
Se, para uns, o conselho é deixar fluir a vida
Outros precisam de disciplina e força de vontade

Os caminhos de cada pessoa não são iguais
Porque cada um está num degrau, numa fase
Assim, nem sempre existem conselhos universais
Por isso, tantas formas de ver, tantas verdades

Tuas vivências e tua sabedoria são muito belas
Mas não queira que os outros sigam a tua cartilha
Todos nós vemos o mundo de nossas janelas
E não conseguimos ver além de nosso ponto de vista

Nem sempre o oposto da verdade é uma falsidade
Pode ser apenas a mesma verdade vista por outro lado
E, se no mundo, encontramos tanta diversidade
Não existe uma só receita para o certo ou errado

Nem existe um só caminho para a felicidade
Cada um recebe o fruto das escolhas que faz
Aprendendo com o bem, o erro e até a maldade
Pois que, no fim, todos os caminhos levam ao Pai

sábado, 24 de junho de 2017

Intuição

Letra e Música: Alexandre Paredes



Feche os olhos no silêncio, deixe entrar a luz
Que brilha, que brilha, sem se ver
E está na flor, e no fruto
No dom do artista e na arte do pescador
No orvalho que brilha em cada manhã
Convidando a lembrar das estrelas
No olhar de quem ama
Numa voz que nos chama

Ouça a vida. ouça a vida a bater dentro de ti
Ela diz: "Veja as aves no céu, não semeiam nem colhem"
Veja o sol nascendo, nunca deixa de amanhecer
Enquanto não houver o amor, vamos precisar da dor
Pois o mal não pode vir de mãos tão belas

Viver o amor então é nossa condição
Pra enxergar a luz que vem do Criador
Veja a vida, veja a vida, veja vida...
No olhar de quem ama
Numa voz que nos chama
Numa voz...

domingo, 19 de março de 2017

Providência

Poema de: Alexandre Paredes



Não diga “Deus foi bom pra mim”
Pois bom Deus sempre o é
Tudo em nossa vida tem um fim
Mesmo não sendo como a gente quer

Se alguém perdeu o avião que caiu
É porque precisava de um despertador
Se aquele outro no desastre partiu
É porque sua missão acabou

Ao que foi abençoado pela cura
Quão bela é a vida que Ele nos dá!
Para o que atravessa a noite escura
Oportunidade de sua coragem testar!

Não diga “Deus me abandonou”
A resposta nem sempre vem como mel
Às vezes, o problema, a aflição, a dor
Também é providência que vem do Céu

Em cada pedra, escolho, espinho
A vida nos revela uma nova lição
Desperta-nos força, descerra caminho
E a crise traz os ventos da renovação

Não diga “Deus está aqui ou lá”
Ele sempre está no meio de nós
Porque Deus está em todo lugar!
Mesmo quando nos sentimos sós

Nós é que nem sempre com Ele vivemos
Em nossas palavras, gestos e nossas ações
Nós O procuramos em nossos templos
E esquecemos de tê-lo em nossos corações

Mas Ele nunca esquece de suas criaturas
Você pode senti-lo em tudo que faz
Sua voz está em todos os povos e culturas
Você pode ouvi-lo no amor, no bem, na paz

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Entrevista - Café com Luz Sarau

Essa foi uma entrevista para o programa Café com Luz - Sarau, gravado em maio de 2016. Nele, eu apresento algumas de minhas composições. O entrevistador é o Maurício Curi, uma pessoa que admiro muito.


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Renúncia

Texto de: Alexandre Paredes



Há quem renuncie à paz para ter mais bens;
e há quem renuncie aos bens para ter mais paz.

Há quem renuncie ao amor por amor à posse;
e há quem renuncie à posse por amor.

Há quem renuncie à sua essência para viver uma mentira;
e há quem renuncie às aparências para viver de verdade.

Há quem renuncie a tudo para viver uma paixão;
e há quem renuncie às paixões para viver com liberdade.

Há quem renuncie ao prazer em nome de uma felicidade;
e há quem renuncie à consciência por desacreditar dela.

Há quem renuncie à própria vida para viver a vida do outro;
e há quem renuncie à própria vida por amor à humanidade.

Há quem renuncie ao mundo para tentar estar com Deus;
e há quem renuncie a si mesmo para encontrá-LO no próximo.

sábado, 14 de maio de 2016

Amor pleno

Poema de: Alexandre Paredes



Quem busca no outro
Sua outra metade
Não vive por inteiro
Nem ama de verdade

Não preenche o vazio
E o vazio lhe invade
Não ama a si mesmo
E ama pela metade

Se não sabes viver só
Só encontras solidão
No peito, sempre um nó
Mesmo em meio à multidão

Diante da tua soledade
Vê em teu próprio interior
Que, de algo maior, és parte
De onde parte o pleno amor

E de coração renovado
Vês o amor de outro jeito
Em vez do outro idealizado
Amas o outro imperfeito

Nesse ponto então renasces
Nasce em ti amor verdadeiro
Amas o outro como ele é mesmo
E não conforme a tua vontade

Amando a todos por inteiro
Encontras amor de verdade
E no esquecimento de ti mesmo
Descobres a felicidade

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Milagres

Poema de: Alexandre Paredes

















Por milagre, o que compreendeis?
O ato em que Deus derroga suas Leis?
Leis perfeitas, sábias, justas e eternas
Que vigem desde as mais remotas eras?
Sim - é claro! - Ele o poderia!
Mas a pergunta é: Por que Ele o faria?
Alguém, então, poderia nos dizer:
É para demonstrar todo o Seu poder

Fortalecer a fé daqueles que já creem
Abrir os olhos dos que ainda não veem
Mostrar a pequenez dos mais poderosos
Iluminar o mundo, confundir os orgulhosos
Lembrar ao homem que uma Mão o guia
Que lhe sustenta a saúde e o fio de sua vida

Mas seu poder não se revela a cada momento
Nas grandes obras que se operam no tempo?
De uma pequena semente, faz-se o carvalho
Na beleza da flor, repousa a gota de orvalho
De poeiras no espaço, nascem sóis e planetas
E um organismo se forma da união de gametas

Deus opera milagres debaixo do nosso nariz
E, ainda assim, muitos não curvam sua cerviz
Atribuindo ao acaso a força que nos governa
A inteligência do homem o tirou da caverna
Mas tem sido fonte de voluntária cegueira
E ninguém é forçado a ver o que não queira

Apesar da interseção do Alto e toda sua beleza
Os ditos milagres estão nas leis da natureza
Revelam que, em tudo, há a divina providência
Que, buscando Deus, encontramos Sua presença
Nos mostram que, para a fé, nada é impossível
E que, por trás do mundo, há um mundo invisível

Com a fé, o homem realiza maravilhas
Utilizando-se de leis até então desconhecidas
O avião que plana desafia a lei da gravidade
A medicina que cura é um verdadeiro milagre
A imagem que passa na TV parece até magia
E coisas de se espantar surgem da tecnologia

O mesmo ocorre com o dito sobrenatural
O que parece miraculoso é apenas natural
Quando se descobrem leis até então ignoradas
Que regem a matéria e sua relação com as almas
A fé continua sendo ainda o princípio motor
Mas o verdadeiro milagre é a força do amor

É ver o egoísta transformar seu coração
Após presenciar uma verdadeira boa ação
É ver na face de dor uma lágrima secar
Ao ouvir a voz amiga que vem lhe consolar
É nunca desistir de viver com bondade
Descobrir Deus, enfim, no amor-caridade

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Divino e Humano

Texto de: Alexandre Paredes



De tempos em tempos, Instrutores Espirituais vêm ao plano físico ensinar-nos valores morais; o homem, por sua vez, instituiu o moralismo.

Prepostos do Alto, no transcorrer dos séculos, trazem-nos as luzes da verdade; o ser humano, por outro lado, estabeleceu os dogmas.

Embaixadores Celestes, em todas as épocas e regiões do planeta, encarnados na figura de pessoas simples, mostram-nos o caminho e exemplificam-nos a virtude; o homem criou os cultos exteriores.

Deus criou-nos à sua imagem e semelhança, mas, no caminho inverso, temo-Lo feito à nossa imagem e semelhança, imaginando-o como um Senhor com todas as imperfeições humanas, vingativo, cruel, que deve ser temido, em vez de amado.

A Sua palavra encontra-se por toda parte e está grafada na consciência de cada criatura, mas nós pretendemos aprisioná-la em livros sagrados, como se ela pertencesse a uma só cultura, um só povo escolhido, privilegiado.

Nosso Pai que está nos céus enviou-nos Jesus; nós O crucificamos, ou, muitas vezes, O esquecemos.

Jesus trouxe-nos a Boa Nova, esse maravilhoso compêndio de ensinamentos para uma vida feliz entre os homens; Ele ensinou-nos e exemplificou-nos o amor nas praças públicas, no alto do monte, na casa de um pescador, num barco; porém temos escondido esse código de leis eternas dentro de igrejas e monastérios.

O Pai Celestial criou a oração como forma simples e cristalina de nos comunicarmos com Ele, por meio do pensamento; os homens, de outro modo, instituíram o sacerdócio, interpondo representantes entre Ele e nós, esquecidos de que Ele é quem escolhe Seus representantes, e não nós.


Em toda parte, em todas as culturas e povos, encontraremos traços da presença de Deus entre os homens, mas, como ainda estamos muito distantes da comunhão perfeita com nosso Pai, há sempre que fazermos a distinção daquilo que vem de Deus e o que vem dos homens.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Verdade e vida

Texto de: Alexandre Paredes




Diante do interesse, argumentos não interessam.
Para quem quer a ilusão, a verdade é inconveniente.
Onde impera a fé cega, a razão não é bem-vinda.
Perante o preconceito, conceitos novos nada valem.
Em quem a paixão vigora, o bom senso não tem vez.
Quando o egoísmo predomina, o senso de justiça se distorce.
Em face do orgulho desmedido, a consciência se entorpece.

Mas onde há boa vontade, a razão se ilumina.
Em quem busca o bem, o amor aquece a vida.
Para quem vive o amor, a verdade é força viva.
Ao que reconhece sua ignorância, o orgulho não obscurece a vista.
E quando se vencem as barreiras do ego, a sabedoria se conquista.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Corrupção

Poema de: Alexandre Paredes














Por causa da corrupção
Nosso dinheiro vai para contas lá fora
A verba devida não chega à escola
Enquanto os jovens se perdem na droga
Os hospitais vivem à míngua
O paciente agoniza na fila
E o trabalhador não tem vida digna

Em meio à corrupção
Há total inversão de valores
O que vigora é a troca de favores
Os bons e honestos são vistos como bobos
Os bens de todos se tornam os bens de poucos
A riqueza é prêmio da esperteza e preguiça
Em vez do talento, esforço e conquista

Mas como nasce a corrupção?
Cada um de nós traz em si seu resquício
Na troca do voto por um benefício
Na falta ao trabalho inventando desculpa
É levar troco a mais e nem sentir culpa
Reduzir o imposto mascarando a declaração
Advogar a mentira para não pagar pensão

Não é só na política que há corrupção
A gente a vê no cidadão da esquina
Que se livra da multa pagando propina
A gente a encontra no aluno da escola
Que passa de ano por meio da cola
Naquele que mostra carteirinha falsificada
Para entrar no cinema e pagar meia entrada

Ninguém suporta mais essa tal corrupção
Então, comecemos agora uma nova campanha
Pra combater na raiz essa praga tamanha
Antes de bradar nas ruas, nos olhemos primeiro
Antes de condenar, nos miremos no espelho
Para ver se, em nós, também reside este mal
E não só para sair bem, de cara pintada, na rede social

sábado, 8 de agosto de 2015

Superação

Texto de: Alexandre Paredes.




Na aspereza do caminho, aparamos nossas arestas.
Com as pedras que nos atirem, podemos construir as edificações mais belas.
Nas maiores dificuldades, encontramos as grandes oportunidades.
Nas lutas mais acerbas, exercitamos nossa capacidade de vencer.
Nos momentos de crise, extraímos de nós recursos até então desconhecidos.
Em meio às trevas mais densas, descobrimos nossa luz adormecida.
Diante do pior, revelamos nossa capacidade de ser melhor.
Nas dores mais profundas, deparamo-nos com as maiores consolações.
Quando mais nos perdemos, é quando mais procuramos o sentido de tudo.
E, quando tudo parece perder o sentido, é que vamos ao encontro da verdade.


sábado, 1 de agosto de 2015

Comece sendo você mesmo

Texto: Alexandre Paredes



Se você quer mudar, comece sendo você mesmo. Não esse você que você pensa conhecer, mas esse você que ainda precisa ser descoberto.
A maior aventura de nossas vidas ainda é o autodescobrimento.
Nosso maior desafio é aceitarmo-nos e amarmo-nos tal qual somos.
Vivemos à procura do que deveríamos ser, ou do que esperam de nós, e acabamos nos perdendo de nós mesmos.
Acabamos acreditando na fantasia que criamos sobre nós mesmos, na máscara que usamos para disfarçar nossas inseguranças e injunções interiores, e a idolatramos. Somos, para o mundo, ainda, a propaganda do que gostaríamos de ser, mas que ainda não somos de fato.
No entanto, um dia a máscara cai e a verdade aparece, e, quando não estamos preparados para ela, fugimos em busca de novas ilusões.
A moda dita para nós como devemos nos vestir, e o mercado, o que devemos ter, mas não precisamos de tantas roupas, nem de tantos sapatos, nem de automóveis tão caros, nem de casas luxuosas.
Criamos necessidades que não temos, para parecer o que não somos, para mostrar uma felicidade que não possuímos ainda, pois, quando o móvel de nossas ações é o mundo das aparências ou o que os outros vão pensar, nos distanciamos da única felicidade real: aquela que vem de dentro.
Estamos sempre perseguindo um padrão de beleza irreal, de pessoas que aparecem em capas de revista. No entanto, essas mesmas pessoas que são modelos para nós, de modo geral, impõem a si mesmas e à sua vida sérias restrições, para exalar ao mundo o perfume da ilusão de uma plenitude e realização que beiram o vazio. Afinal, após a beleza passar, o que resta?
Buscamos nos mirar naqueles que são nossos modelos de sucesso, mas desconhecemos suas angústias interiores e o preço que pagaram para estarem onde estão. Nem sempre o sucesso perante o mundo é o sucesso perante nós mesmos.
Construímos a idéia de que o sucesso é alcançar o topo, uma posição de destaque no meio social. Isto significaria que somente alguns poucos executivos de empresa, pessoas bem sucedidas nos negócios, no meio científico ou religioso, pessoas belas ou endinheiradas, famosas ou de grande talento seriam as bem sucedidas, enquanto todo o resto vive uma corrida ansiosa rumo àquele topo que nunca chega, e quando chega, não traz a felicidade almejada.
Por isso, a extrema angústia em que vivemos mergulhados no mundo de hoje: vivemos à cata de miragens, buscamos o inalcançável e quando chegamos lá, nem sempre encontramos o que buscávamos.
A verdade é que tudo isso é reflexo do mundo que criamos, mundo ditado pelo mercado, mundo da competição, onde o sucesso e a felicidade são reservados aos melhores, a poucos infelizes invejados, mundo da coisificação de valores (tais como a amizade transformada em presentes, o da felicidade transformada em bens de consumo, o da boa educação transformada em boas escolas e boas condições financeiras), mundo da valorização e da precificação das coisas, enquanto os valores reais, verdadeiros, ficam para depois.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Síntese

Texto de: Alexandre Paredes



Perturbados, perturbamos.
Iluminados, iluminamos.

Quem só reclama... é só.
Quem tudo divide... tudo multiplica.

Quem não serve... não serve.
Quem ama encontra amor.

Revidar, reviver a dor.
Perdoar, reviver e dar.

Quem tem fé não se perde.
Quem vive a fé se salva.

Saber muito é muito pouco.
Aprender é infinito.

Endeusados, desumanos.
Ser humano, ser divino.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Quando a tempestade passar

Poema de: Alexandre Paredes



Quando a tempestade passar
Quero ver contigo o amanhecer
Olhar de novo o teu olhar
Revendo o novo a florescer

Quando a tempestade passar
Quero em teus braços me perder
E nos teus passos reencontrar
O melhor lugar pra se viver

Quando a tempestade passar
Vem comigo contar estrelas
E não, relembrar nossas tristezas
Pois que o melhor ainda virá

Em meio à tempestade em alto mar
Muitos nadas parecem muito
Poucos nadas são quase tudo
E pouco me resta, senão... te amar

domingo, 8 de março de 2015

Rastros

Poema de: Alexandre Paredes
















Olhei pra trás e não vi nada
Apenas pegadas... pegadas sem fim
Deixadas nas areias do tempo
Levadas pela força do vento
Apenas pegadas... pegadas enfim

Olhei pra trás e não vi nada
Somente pegadas... rastros de mim
Não vi se eu era rico ou se era pobre
Se fui plebeu ou se fui nobre
Mas apenas se eu era feliz

Olhei pra trás e vi pegadas
Marcas do que fui e do que fiz
Não vi se era prefeito ou empresário
Nem o que vesti, nem saldo bancário
Mas apenas o que eu aprendi

Olhei pra trás e só vi marcas
De tudo o que me levou até aqui
Não vi se eu fiz muito ou fiz sucesso
Se eu era culto ou se era belo
Mas só o bem que fiz enquanto vivi

De tudo o que vi de minhas marcas
Só restou o que me fez hoje ser assim
Não vi meu nome, nem meus títulos
Nem meus diplomas, nem currículos
Eu só vi mesmo... é se eu vivi

sexta-feira, 6 de março de 2015

A Diferença

Texto de: Alexandre Paredes




Vida sem Deus um dia perde o sentido.
Vida com Deus é renascer a cada dia.

Amor sem Deus converte-se em ódio ou indiferença.
Amor com Deus conduz-nos à plena felicidade.

Prazer sem Deus transmuta-se em dor.
Prazer com Deus é alegria de viver.

Dor sem Deus se dilata.
Dor com Deus nos transforma.

Ciência sem Deus constrói a bomba homicida.
Ciência com Deus produz a medicina que cura.

Religião sem Deus é só culto exterior, fanatismo e hipocrisia.
Religião com Deus é fé viva e vida no bem.

Educação sem Deus é verniz.
Educação com Deus é Deus no coração.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Quando a dor bater à tua porta

Poema de: Alexandre Paredes





Quando a dor bater à tua porta
Não te entregues ao lamento ou à revolta
Acende a luz da fé em teu caminho
Não te esqueças de que nunca estás sozinho
Lembra que o amor do Pai nunca se esgota
E que Ele nunca abandona o seu filho

Quando a dor bater à tua porta
Pensa que a vida será sempre uma escola
Em que o tempo nos ensina a viver
E a descobrir a paz que vive em nosso ser
Cada aflição é apenas uma prova
E cada lição, oportunidade de crescer

Quando a dor bater à tua porta
É hora de deixar o que não importa
Relembrar os valores verdadeiros
Reconhecer nossos erros costumeiros
Meditar sobre o que ainda nos falta
Pois nossos males nascem de nós mesmos

Quando a dor bater à tua porta
Observa os que estão à tua volta
Não penses ser maior teu aguilhão
Pois que no mundo cada um tem sua cota
De amarguras, sacrifício e expiação
Nessa escalada que nos leva à ascensão

Mas se a tormenta não te visita por agora
Dispõe-te a amar a quem anda contigo
Procura aproveitar a bênção desta hora
E oferece a alguém o teu ombro amigo
Para que teu coração encontre abrigo
Quando a dor bater à tua porta

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Comunicação

Texto de: Alexandre Paredes



O que você quis dizer
não foi exatamente o que você disse.

E o que você disse
não foi o que realmente o outro escutou.

E o que você não queria dizer de jeito nenhum
ficou subentendido nas entrelinhas.

O que a gente cala
o corpo fala.

E o que a gente fala
vai muito além das nossas palavras;
transparece nos gestos e jeitos, silêncios e timbres, posturas e olhares.

Aquilo que a gente mais fala que é
é o que a gente ainda tem dificuldade de ser.

As coisas que mais falamos dos outros
são as que mais revelam quem nós somos de fato.

Nossas palavras falam menos do que nossas ações.
E nossas ações formam o livro da nossa existência.

Mas cada um só lê do livro da vida do outro segundo o que traz em si mesmo.
E cada um só escuta até o limite do que quer ou está preparado para ouvir.