Texto de: Alexandre Paredes
É muito comum ver pessoas descrentes de Deus porque
se desiludiram com a religião instituída pelos homens.
Sentiram-se enganadas por falsos religiosos que se
locupletaram com o dízimo de seus fiéis ou pelas falsas promessas de resolução
fácil de seus problemas por meio de barganhas com a Divindade.
Há quem aponte, com razão, as inúmeras falhas da
sua religião, quando incute em seus seguidores ideias de culpa injustificada, punições
divinas para os menores deslizes de suas criaturas, bem como regras de conduta
rígidas e draconianas, distantes da esperada misericórdia do Alto.
Já ouvimos falar até mesmo que “a Religião é o ópio
do povo”, numa clara menção de que as religiões seriam tão somente um engodo
articulado e usado por pessoas de má-fé para manipulação do povo, mantendo-o
dócil, para que não se levante contra as injustiças daqueles que se beneficiam
da ignorância das massas.
Muitas pessoas até dizem que a Religião é um dos
males da humanidade a ser combatido, haja vista as guerras religiosas, o
fanatismo, a hipocrisia e os conflitos psicológicos que, supostamente, seriam
fruto do ensino religioso.
Ora, há que se separar a Religião dos religiosos de
toda espécie; há que se separar o que é de essência divina e o que é erro
humano.
Culpar a Religião pelos desatinos dos religiosos é
o mesmo que culpar a Medicina pelos erros dos médicos negligentes, mercenários
ou daqueles que abusaram de seus pacientes.
Negar a Religião pelos desvios da essência de seus
ensinamentos pelos homens é o mesmo que negar a Educação por conta dos desvios de
educadores que se utilizam da escola para praticar violência contra crianças ou
para disseminar ideias torpes.
Condenar a Religião pelas guerras religiosas ou
pelo extremismo de alguns fanáticos terroristas não é muito diferente de
condenar a Filosofia porque alguns filósofos disseminaram ideias que fomentaram
o suicídio ou o genocídio.
Da mesma forma, encontramos os desenganados com a Política,
porque acreditam ser ela uma fonte de corrupção, lugar de pessoas interesseiras
e palco de todo tipo de homens que se utilizam da credulidade do povo para
obterem benefício próprio.
O mesmo se dá com a Ciência, quando homens do meio
científico dedicam seus esforços, sua inteligência e talento para criar armas
de destruição em massa.
Mas não é porque alguns homens usam a Ciência, a
Política, a Filosofia, a Educação, a Medicina e até mesmo a Religião para
praticar o mal, que estas sejam más em sua essência.
Cada ramo da atividade humana é realizado por seres
humanos, falíveis, inclusive a própria Religião. Mas em toda instituição do
mundo que visa o progresso do ser humano encontramos traços da presença de
Deus.
A Ciência vem nos descortinar a grandeza da obra de
Deus, quando nos mostra a vastidão do Universo, suas leis, suas galáxias, bem
como a grandeza das pequenas coisas, como os átomos, onde repousam os maiores
mistérios a serem desvendados.
A Política, por inspiração do Alto, vai, pouco a
pouco, se tornando uma instituição a serviço do próprio homem, mesmo que o
egoísmo e o interesse próprio ainda dominem o panorama geral.
A Filosofia inspira o homem a pensar sem as amarras
das paixões e dos dogmas, e a buscar a verdade pela razão iluminada, em que
pese haver aqueles filósofos que se entregam a uma Filosofia carregada de
orgulho, vaidade e prepotência.
A Educação tem sido fonte de progresso, à medida
que transforma a realidade das pessoas, dando-lhes oportunidades que lhes
possibilitem estar inseridos na sociedade e serem novos agentes de
transformação, apesar de haver educadores descompromissados com tão nobre
finalidade.
A Medicina vem, numa velocidade vertiginosa, se
tornando uma ferramenta de cura e de alívio para os sofrimentos da humanidade,
sendo um instrumento da misericórdia do Criador para minimizar as aflições
humanas, embora o enriquecimento às custas do sofrimento alheio ainda seja um
valor tão visado entre as pessoas que labutam nessa área.
E na Religião, encontramos o “faça ao outro o que
deseja que o outro faça a você mesmo”, “o amai a Deus sobre todas as coisas e
ao próximo como a si mesmo”. Se os homens perdessem todos os seus livros
sagrados e se esquecessem de todos os seus cultos e rituais exteriores, mas se
lembrasse tão somente de praticar essas máximas, o mundo seria outro.
E quando chegar esse dia, a Religião será
desnecessária, e todas as atividades humanas serão mais fortemente iluminadas
pela presença de Deus, e Ele será encontrado não somente nos templos, mas no
coração de cada um de nós.
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