sábado, 15 de março de 2014

Libertando-se

Texto de: Alexandre Paredes



Quando você percebe o valor que tem, liberta-se da necessidade de ter seu valor reconhecido pelos outros.

Quando você descobre a verdadeira força que tem, não sente necessidade de demonstrá-la; apenas exerce-a.

Quando você se desapega da ilusão do controle, mas faz a parte que lhe cabe e percebe a parte que não lhe cabe, a vida flui.

Quando você se desprende do sentimento de posse em relação às pessoas, aprende a libertar; libertando você aprende a amar; amando você encontra o amor.

Quando você busca a aprovação de sua própria consciência, esvai-se a necessidade da aprovação dos outros.

Quando você se dispõe a enfrentar a si mesmo, desaparece o ímpeto de vencer o mundo; quando esse ímpeto desaparece, você encontra a calma, e quando você encontra a calma, você vence.

Quando você procura o autoconhecimento, emancipa-se do jugo das aparências; então se desvanece a necessidade de mostrar ser o que não é.

Quando você se aceita e se compreende como é, desprende-se da necessidade de ser aceito e compreendido pelos outros, e é quando você passa a aceitar e a compreender os outros e as coisas como são. É nesse momento que você começa a mudar a si mesmo e a mudar quem está e o que está ao seu redor.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Eu estou ao teu lado

Letra e Música: Alexandre Paredes

Esse vídeo do Youtube é muito bom, feito pelo meu amigo Ito e o pessoal da NAVE.



Tem esse outro também.



Se estás doente, eu estou ao teu lado
Se estás contente, não te esqueças de mim
Quando estás odiando, eu estou te amando
Quando pedes justiça, eu te mostro o perdão
Quando queres a ilusão, eu sou a verdade
Quando foges do bem, sou a dor do caminho

Se estás cansado,  eu estou ao teu lado
Se estás calado, sou a voz do silêncio em teu coração
Sou a voz a falar através dos tempos, a te chamar

Me procuras nos templos de pedra, igrejas
Em imagens que o tempo haverá de levar
Mas eu estou ao teu lado através dos que choram
Nos lares daqueles que não têm pão

Não importa o meu nome, eu estou ao teu lado
Na figura daqueles que não sabem sorrir
Dos meninos das ruas, dos velhos que vivem sós
Eu te espero, ainda, venha me seguir

Eu estou ao teu lado, venha me visitar
Nesse dia então me conhecerás
E se teu coração se abrir de repente
Eu estarei dentro de ti


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Destino

Poema de: Alexandre Paredes



Pergunta o homem desde o princípio
Somos autores de nossa própria história?
Existe destino? E onde fica o livre arbítrio?
Nosso futuro está escrito
Em algum lugar do céu estrelado?
E se meu caminho já foi traçado
Pra quê o esforço, se cada um está fadado
Ao fracasso ou à vitória?
Responde o sábio pelas páginas do infinito:
“A semeadura é livre, mas a colheita, obrigatória”

Se vamos colher espinho, se vamos colher morango
Depende da semente que a gente escolhe
Se vamos colher sorrindo, se vamos colher chorando
Depende do jeito que a gente colhe

Pois, se é certo que quem planta espinho não colhe flor
E quem semeia ódio não ceifa amor
Se serve de consolo
Do barro jogado se faz tijolo
Do veneno destilado se faz o soro
A gente faz medicamento da erva amarga
E do limão azedo, a limonada
Dos espinhos plantados, a cerca viva
E se extrai beleza da lágrima vertida

Mas quem só reclama, blasfema, se revolta
Contra as sarças do caminho que ele mesmo lá plantou
Atira pedras, cacos de vidro e lixo à sua volta
Torna mais difícil a jornada adicionando ainda mais dor

Lei de causa e efeito, ação e reação
Não é lei de pecado e punição
De um Deus humano pelo homem imaginado
Que só pensa que o mal deva ser castigado
Essa Lei é oportunidade de aprendizado e evolução
De um Deus-Pai de justiça e amor ilimitado

Ele nos dá tempo ao tempo
Para absorvermos cada experiência
Para despertarmos para o arrependimento
Com o desenvolvimento da nossa consciência
Ela é nosso juiz e advogado
Nos mostrando quando algo vai errado
Nos chamando ao desejo de reparação
Quando fazemos o mal ao nosso irmão

E, então, de coração renovado
Pedimos a Deus uma nova encarnação
Para passar por tal vivência ou tal provação
E, assim, o espírito culpado
Escolhe o roteiro a ser seguido
Visando retornar com o espírito redimido
À verdadeira vida, à vida espiritual
A vida da alma imortal

Se existe um destino, uma fatalidade
Essa, sim, é a da imortalidade
E a de alcançarmos, todos, a suprema felicidade
Após muitos milênios de depuração
Passando várias vezes pela porta da reencarnação

Se existe um destino, uma fatalidade
É a de que vamos adquirir total sabedoria
Descobrindo em nós a plena verdade
É a de que cada um viverá a eterna alegria
Amando a todos sem distinção
Amará a quem odeia ou já odiou
Que cada um verá a Deus, no seu coração
Pois foi para isso que Ele nos criou
Para amarmos como Jesus nos amou

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Poderoso Medicamento

Bula: Alexandre Paredes.



Não tem contra-indicação.

Pode ser utilizado a qualquer hora do dia e em qualquer lugar.

Pode curar todos os males com uma pequena dose, mas pode não fazer efeito nenhum, mesmo quando utilizado em grandes quantidades, pois tudo depende da qualidade da dose.

Na maioria das vezes, não cura mal nenhum, mas é um excelente colírio que nos faz enxergar os males de outra forma.

É um excelente purificante para os problemas do coração; é um ótimo tônico, revigorante e calmante; auxilia no combate ao desânimo, ao estresse e à fraqueza em geral.

Auxilia nossos mecanismos de defesa em todos os sentidos e acelera o processo de cicatrização de feridas.

Alivia os sintomas de opressão no peito, ansiedade, depressão.

Ajuda a eliminar o excesso de peso, especialmente daquele decorrente da retenção de mágoas e apegos inúteis; reduz o apetite pelas coisas inquietantes do mundo.

É bom para a memória, pois nos faz recordar coisas boas há muito tempo esquecidas e também de alguns de nossos erros que insistimos em não lembrar.

Excelente para combater o envelhecimento precoce, pois auxilia a dissolver emoções e pensamentos tóxicos.

Mas só funciona mesmo quando confiamos nos seus efeitos e quando fazemos a nossa parte.

Não custa nada e não se encontra em nenhuma farmácia, pois é um remédio caseiro. Entretanto, é necessária uma boa preparação para utilizá-lo adequadamente, especialmente fazendo uma boa limpeza interior.

Esse poderoso medicamento chama-se...


PRECE.


Fabricante: Deus.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Confissões

Texto: Alexandre Paredes















Me arrependo mais do que falo do que pelo que calo.
Sei mais do que não sei do que do que sei.
Tenho menos que quero; mais do que mereço; exatamente o que preciso.
Me prendo mais àquilo que me liberta.
Tenho mais apreço por tudo o que não tem preço.
Me importa mais o que mereço do que o que ganho.
Procuro ser melhor do que fui, e não melhor do que ninguém.
Só tenho dois inimigos a vencer: meu orgulho e meu egoísmo.
Invejo todos aqueles que não invejam.
Espero da vida o que não espero.
Tento ser o que realmente sou.
Almejo aquilo que não vejo.

Busco a felicidade não nas coisas,
mas, em todas as coisas, ser feliz.

domingo, 11 de agosto de 2013

Paz

Poema de: Alexandre Paredes



Passam tantos pelas ruas
Com os passos apressados
E sob a força das agruras
Andam outros cabisbaixos
Muitos fogem de suas lutas
E do peso de seus fardos

Na corrida do dia a dia
Se esvai toda a alegria
Em nossa busca insana
De posição, riqueza, status
Beleza, grandeza, fama
Ou apenas prazer imediato

Quantos passam pela vida
Remoendo os seus erros
Cultuando suas feridas
Esquecidos de si mesmos
Indiferentes aos apelos
De suas almas queridas

A flor balança ao vento
O dia é ensolarado
Mas não vivemos o momento
Só futuro e passado
Não olhamos para dentro
Nem olhamos para o lado

Não vemos a chama viva
Do amor que em nós habita
Não prestamos atenção
No bater do coração
Nem no ar que se respira
Nem na voz que nos inspira

Não miramos a verdade
Nem Aquele que nos criou
Somente a dor que nos invade
Ou a felicidade que não vingou
Só vemos a porta que não se abre
Ou o caminho que se fechou

Em nossa sede de bem-estar
Nos esquecemos de buscar
A riqueza que nunca perece
A beleza que não envelhece
A alegria de fazer o bem
E a de amar sem olhar a quem

Em nossa ânsia de conquista
Deixamos perder de vista
O que é real e verdadeiro
O que realmente tem valor
De que adianta o mundo inteiro
Sem termos paz interior?

Ela não se compra, não se vende
Nem é privilégio de alguém
A gente a encontra quando entende
Que quem mais a dá, mais a tem
E sobretudo quando aprende
A por tudo agradecer também

A paz não é como um lugar
Que um dia vamos alcançar
Não importa o quanto se ande
Ela não está em um destino
Nem é um sonho que se satisfaz
Pois como já dizia Gandhi:
“Não há um caminho para a paz
A paz é o caminho”.

domingo, 21 de julho de 2013

Vou seguindo

Letra e Música: Alexandre Paredes
Interpretação: Alexandre Paredes e Débora Sanches


VOU SEGUINDO

Quando a dor rouba as flores de nosso jardim
Ressecando as mais belas manhãs
Logo quando o caminho começa a florescer
É a vida que se esconde por trás da tristeza
Esperando o tempo chegar
Pra revelar toda a beleza
De um coração cansado de chorar
Tanta amargura

Entre as luzes das estrelas
Entre as pedras do destino
Não estamos sós
E sei que o amor é a razão

Da existência e do que ainda não existiu
Do sol que ilumina e aquece
Da noite que guarda e promete o amanhacer
Onde há vida, sempre há luta
Mas sempre há o amor
E o tempo é a chave que vai
Nos levar à verdade em nós
É o mesmo Deus por trás da Criação
E da criatura

Pelos campos, pelos rios, pelos pântanos...
Vou seguindo essa luz que vem de dentro
E está, e estará onde a gente estiver
Não haverá um pedaço de chão pra encontrar
A felicidade está em nós
Agora é só plantar

Entre as flores e os espinhos
Vou plantando, vou seguindo...
Entre a dor e a paz
Que existe em mim

Pelos campos, pelos rios
Vou cantando, vou seguindo...


sexta-feira, 22 de março de 2013

Quem sou eu

Poema de: Alexandre Paredes







Quem sou eu?
Essa imagem no espelho?
A cor da pele, o cabelo?
Silhueta perfeita?
Gordurinhas à espreita?
O que não quero ver?

Quem sou eu?
O carro na garagem?
Roupas caras, viagens?
Apenas belas miragens
Do que quero parecer?
Por que preciso ter?

Quem sou eu?
O troféu na estante?
A glória de um instante?
O diploma na parede?
Meu profile na rede?
O que não consigo ser?

Quem sou eu?
A palavra polida?
Vocabulário distinto?
Escondendo a desdita
Camuflando o instinto?
O que tento esconder?

Não, não sou nada disto
Sou apenas rabisco
Um esboço imperfeito
De um constante vir a ser
Sou o que trago no peito
Sou Universo escondido
De sonhar e querer
Sou o verso infinito
Sou o rimar do meu jeito

O que fui já não sou mais
Mesmo o de minutos atrás
E o que quero ser ainda não sou
Sou o que há por trás
Do transitório, imperfeito, da aparência
Sou o que vive, sobrevive, sou essência
Apenas sou

Quando quero ser alguém
Esqueço que alguém já sou
Único, singular, diferente
Mas, em essência, igual a toda gente

Quando quero ser alguém
Em vão, me procuro em toda gente
E me perco em qualquer parte
E me afasto de mim mesmo

Quando busco ser eu mesmo
Então, me vejo em toda gente
E me encontro em qualquer parte
E consigo ir além

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Escolhas

Texto de: Alexandre Paredes
                                  












Pessoas irão ofender, magoar e até desprezar você.
Mas você escolhe se vai revidar, ofender ou manter-se íntegro.

Você não pode evitar que os ressentimentos sondem seu coração.
Mas você escolhe se eles farão nele morada ou não.

Você não pode impedir que as pedras do caminho o derrubem de vez em quando.
Mas é você quem decide se vai levantar ou ficar no chão se lamentando.

É possível que, em algum momento, você se sinta derrotado diante das batalhas da vida.
Mas você é quem decide se vai continuar lutando ou dar-se por vencido.

Muitas vezes, você não conseguirá segurar as lágrimas a escorrerem pela face.
Mas, entre o caminho da revolta ou o do aprendizado com a dor, a escolha é sua.

Certamente, um dia desses, você irá errar novamente, mesmo querendo acertar.
Mas você escolhe entregar-se ao remorso destrutivo ou ao arrependimento saudável e sincero.

Inevitavelmente, um dia, você irá tomar consciência de toda a extensão de suas imperfeições.
Mas você é quem escolhe se vai reconhecê-las e procurar ser uma pessoa melhor, ou continuar mentindo para si mesmo.

Você pode até não ser o que você quer.
Mas está em suas mãos escolher o que você quer ser.



terça-feira, 23 de outubro de 2012

Grandezas

Texto de: Alexandre Paredes


Mais belo do que a sinfonia dos astros na imensidão do Universo?... Somente o canto dos pássaros.

Maior do que os rios, mares e oceanos?... Uma lágrima de esperança.

Mais profundo do que a vastidão do espaço infinito,... somente o coração humano.

Mais grandioso do que todas as obras da ciência e da tecnologia,... um instante de felicidade.

Mais imponente do que todas as grandezas humanas juntas,... a humildade de um homem.

Mais poderosa do que a soma de todos os males da vida?... A fé.

Mais majestosa do que todas as trevas do mundo,... uma vela acesa.

Mais forte do que a morte?... A vida.

Maior do que todas as obras da Criação reunidas?... Somente o amor.

Maior do que o amor?... Só Deus.

Maior do que Deus?... Só Seu amor por nós.




quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A Deus


Poema de: Alexandre Paredes
Dedicado ao meu pai, Flávio Paredes – *19/11/1939 - +13/10/2012

Pai,
Que bom saber que a vida continua
Que aí, do outro lado da rua
A vida prossegue, mais viva e bela do que nunca
Que após tantos anos de luta
Você terá o descanso merecido
Abraçando de novo o serviço com o Cristo
Na alegria do trabalho abnegado
Pois, pra você, sei que o inferno seria ficar parado
No ócio de um céu imaginário

Bom saber que você só atravessou a porta
Que leva para outra estação
Que você não se foi para longe; está perto
Apenas está em outra dimensão
Bom saber que o reencontro é inevitável
Com aqueles nossos entes bem amados
Que um dia partiram, deixando-nos na retaguarda
Bom saber que o verdadeiro amor entre almas é inseparável
E, para elas, o tempo, a distância e a morte não são nada

Assim, para quem fica o fardo parece mais leve
Bom saber que o adeus, na verdade, é somente um “até breve”
Bom saber que agora e sempre sua alma está entregue
A Deus


domingo, 7 de outubro de 2012

Cidadão do mundo

Letra e Música: Alexandre Paredes


Show em Teresina (PI), pelo ENARTE, Teatro da ALEPI/PI, dia 06/AGO/2012.



2a. Faixa do CD Era de Luz, lançado em 2002.



Cidadão do mundo

O que é o meu país
Senão um lugar cheio de terras coloridas
E de linhas imaginárias
Onde as pessoas dormem nas ruas
Comem pelo chão
Outras vivem em mansões
Mas todas precisam do mesmo pão.

Seja nossa Pátria nossa Mãe
Mas seja também
A certeza de que ninguém está só
Nessa longa caminhada
Que somente acabará
Quando não houver mais nada
Mais nada...
Nada a partilhar.

Quando não houver mais nada...
Quando não houver mais nada...
Quando não houver mais nada a partilhar.

O que é o meu planeta
Senão um lugar cheio de guerras,
De bandeiras coloridas
E imaginárias
Lutam todos pelas mesmas causas
Sofrem da mesma dor
No entanto a nossa cor
E as religiões separam os corações

Que buscam a mesma paz
Mas brigam sem explicação
Pois o Deus é o mesmo Deus
Que fala a Bíblia e o Alcorão
Ou em qualquer canção de paz
Nas plantas e nos animais
No pôr do sol
Falando a linguagem do amor.

E quando não houver mais nada,
Quando não houver mais nada,
Falemos a linguagem do amor

Quando não houver mais nada...
Quando não houver mais nada...
Só nos restará o amor.

sábado, 22 de setembro de 2012

Distorções


Poema de: Alexandre Paredes



















O sangue é o esteio da vitalidade em nossa existência
Pois leva ele alimento e abundância por todo o seu caminho
Mas o homem, desviando-se de sua essência
Foi transformando-o, de desatino em desatino
Em símbolo de morte e violência

O sexo é permuta, troca de energia
É a força que nos guia ao milagre da multiplicação
Multiplicação de amor, bem-estar e alegria
É o aparelho reprodutor reproduzindo a obra da Criação
Mas o ser humano, na sua busca do prazer desenfreado
Fez desse fogo sagrado a sua banalização
Desceu ao nível mais abjeto
Rebaixou-se à condição de objeto
E viu no sexo uma fonte de pecado

O dinheiro bem usado é como roda em movimento
Convertendo a força do trabalho em riqueza e alimento
Transformando o tempo empregado em progresso e sustento
Mas o homem, descuidado, inverte a lógica do bom senso
Mantém o dinheiro estagnado e vive em busca de passatempo
Faz de si o seu escravo em vez de torná-lo fonte de alento
Por tudo isso, perante o dinheiro, vive o homem em contradição
Deposita nele toda a felicidade ou vê nele a causa de sua perdição

O poder deveria ser visto como a ponte do destino
Levando ao excluído a oportunidade; ao ignorante o ensino
Aos desvalidos da sociedade saúde, emprego e abrigo
Devolvendo a dignidade a quem se desviou do bom caminho
Mas o homem usa esse dom a serviço do seu egoísmo
E como forma de enaltecer o seu orgulho desmedido
Assim, sem proveito, o poder vai passando de mão em mão
E o homem continua confundindo-o
Com sinônimo de tirania, despotismo e corrupção

O homem vê as coisas conforme a sua vivência
E, numa forma de fuga a que se entrega
Inconscientemente, num mecanismo de transferência
Em vez de enxergar em si todo mal moral, toda causa de queda
Numa mentira que anestesia a consciência
Prefere ver a sujeira no prazer, na beleza, na moeda

Cultiva a cegueira para com sua própria excrescência
E, se encontra o mal em si, dele foge ou então nega
Enxerga a vida pelas lentes de sua indigência
Percebe o mundo pela mente e vê no mundo o que projeta
Distorce a pureza, a virtude e a inocência
Não vê que o bem e o mal não estão nas coisas, mas no que fazemos delas


domingo, 13 de maio de 2012

Saúde


Poesia de: Alexandre Paredes

Saúde é viver muito
E muito bem
É desfrutar cada minuto
E ainda ser jovem após os cem

Mas saúde é também
Trazer luz no coração
Levar a alma leve
Mesmo que o corpo ainda carregue
As marcas das batalhas já vividas
Das dores mal resolvidas
Transformadas em somatização

Pois, se o corpo está pesado
Trazendo as marcas do passado
Lembre que ele está destinado
A voltar ao seio da natureza
E libertar do cárcere privado
A ave que ali habita
Que retornará de sua desdita
Pra reencontrar sua real beleza

Saúde é vida
É alegria e amor em nossa lida
E se a morte não existe
Em que a vida consiste?

Vida é não morrer no vício
É não guardar nenhum resquício
De cólera, ódio, vingança ou violência
É não se enterrar no orgulho que cega
Nem no egoísmo que empana a existência
Não se entregar à ociosidade que aleija
Nem ao perigo da tristeza ou descrença
Tampouco ao corrosivo do rancor ou da inveja
Que, um dia, se transformam em doença

Doença é apenas artifício
Que a saúde tão bem engendra
Pra que a mente corrija sua senda
E se liberte do estado enfermiço

Doença pode ser ainda
Somente uma prova escolhida
Oportunidade de educação
Mais um degrau dessa subida
Na escalada da evolução

Mas doença pode ser também
Só a porta de saída
Apenas um pretexto da vida
Pra nos mandar de volta pro além

Pois quando o nosso tempo se esgota
E chega a hora da nossa volta
Não há remédio que nos segure
Nem há saúde que perdure

A não ser a saúde da alma
Aquela que se parece com calma
A paz da consciência tranquila
Aquela que nenhuma doença aniquila

A que sobrevive a toda tormenta
Mesmo após o abandono da vestimenta
Do nosso velho manto de carne
Pois se, da morte, ninguém se isenta,
Cada um pode fazer da vida uma arte